sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Hand Cannot Erase

http://handcannoterase.com/14th-september-2009/
http://handcannoterase.com/30th-april-2009/
http://handcannoterase.com/5th-march-2009/
http://handcannoterase.com/24th-september-2011/
http://handcannoterase.com/1st-november-2006/
http://handcannoterase.com/1st-january-2015/
http://handcannoterase.com/10th-february-2015/

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

We were here

Eu consegui dar significado ao nada. O acaso é o criador do meu nascimento. Ser fruto da loteria da existência se transformou em bênção pra quem acredita no caos. Finalmente entendo os que falam sobre gratidão. Minha mãe já entende isso muito antes de mim. É engraçado que nada se mostre na prática, mas o abstrato de não conseguir destrua claramente tudo em volta. Tenho a impressão de que se chama equilíbrio, e que o vazio realmente é sintoma de uma peça física faltando.

Um amontoado de experiências e observações simples que em menos de um ano, me fizeram mudar completamente. Sinto que entendi o que realmente importa pra mim. Sei disso pelo que penso, sinto e percebo atualmente. Quando tu sente os efeitos por ter que lidar com alguém passando pela mesma coisa, finalmente percebe que essa é a pior forma de agressão pra quem está do outro lado. E eu não quero fazer alguém passar por isso novamente, jamais. A mente humana usa meios estranhos. A nossa didática deve ser a mais bizarra que existe. Ainda assim só consigo dizer que sou completamente apaixonada pelo ser humano, nossa história até aqui, pela forma em que nos organizamos e como crianças, tentamos dar funcionamento às coisas. Às vezes penso que nossa forma de vida é invejável. Talvez esse seja o meu novo amadorismo agora.

Esse ano eu plantei coisas. Vi crescer, enfraquecer e melhorar novamente. Senti a dor de outros seres que sentem e que assim como eu, são apenas um. Minhas plantas deram flores, e chorei quando vi a primeira. Vi o sol nascer e uma caralhada de cores impossíveis no céu após várias noites de choradeira no chão. Pela primeira vez prestei atenção na primavera e o inverno não é mais minha estação favorita. Recebi visitas, e alguns foram mortos por acidente. Fiz um velório. Confirmei que os insetos continuam incríveis como sempre. Criaturas supremas, mini alienígenas que ninguém parece prestar atenção. Me dei conta da Terra em que vivo e olhei pra Lua como se fosse a primeira vez. Parece bobo, e é mesmo. É como quebrar a cabeça pra passar de um quebra cabeça em um jogo e depois de conseguir, ficar rindo de si mesmo por ser tão óbvio.

A vida faz um pouco de sentido quando tu finalmente abre os olhos pra ele, o clichê simples, aquilo que sempre esteve ali. É dizer o que sempre se diz, mas dessa vez com um peso por trás das mesmas palavras que ninguém do lado de fora entende. Porém mesmo sem entender, todo mundo diz a mesma coisa. Isso é incrível. O problema é que não adianta tentar explicar isso pra outra pessoa. Eu só cheguei aqui depois da minha própria dor. E nada disso é conhecimento novo. Só se trata de dar significado ao que já existe. Àquilo que já se repete e escreve incontáveis vezes antes de nós. 

Eu cheguei aqui. Cheguei em algum lugar. Encontrei outros pelo caminho mas cheguei aqui sozinha. Mais acima, abstrato, colorido, instantâneo, compartilhado, coletivo. Diferente, mas tudo parte do mesmo. É tudo muito lindo e imenso. E aos poucos vou sentindo quem e quantos estão aqui comigo. Algumas certezas se confirmaram mais ainda. Transformei o óbvio no supremo. O simples no absoluto. A primeira é de que realmente, somos todos crianças. E a segunda, de que sempre, sempre fica pior antes de melhorar. Eu estive ali, estou aqui, e um dia vou estar em todo lugar. 


terça-feira, 6 de setembro de 2016

Never surrender

Já tinha decidido há algum tempo que não iria mais escrever sobre esse tipo de coisa, porque minha psicóloga dizia que eu ruminava coisas até transformar em um monstro muito maior do que era. Mas ignorar não me trouxe nenhuma mudança. Fingir que nada tá acontecendo não adianta quando tu não tem pelo menos um pézinho já com força suficiente do outro lado. Meu cérebro tá burro pra escrever, mas minha percepção do que sinto ainda continua a mesma filha da puta de sempre, atenta e ciente de qualquer merdinha microscópica.

Ontem voltando de viagem fui preenchida novamente pela sensação boa que te faz dar conta que tu tem o mundo todo nas mãos em oportunidades. Passei por lugares que gostaria de trabalhar, faxinei a casa de cima a baixo, desenterrei meu violino, ganhei cinco partidas seguidas no LOL, decidi que ia fazer x coisas. Parece que tudo estava alinhado novamente, completo, contendo a compreensão de todo o passado e futuro... Tudo isso pra hoje levar três horas pra conseguir levantar da cama. Faltar aula de novo. Tudo é custoso. Tudo é longe. Tudo é caro. Tudo é inalcançável. Só fica o desconforto, a inércia e o desperdício. 

Lembrei da cena "no, no, never surrender" do Rorschach e decidi que precisava ao menos me alimentar. Gosto de me apoiar nessa cena. Vou cortar batatas e tudo o que sinto são meus braços doendo e a vontade de me derreter. Ficar por ali mesmo, só trocar a cama pelo chão da cozinha. Me sinto assim há cinco anos. Mas nunca vou me entregar, nunca vou ficar pior do que já estive um dia. Enquanto isso continuo levantando sem ter motivos pra levantar. Talvez em um dos momentos em que me sinta bem eu tome alguma atitude que mude alguma coisa. Talvez um desses momentos dure um período maior. Talvez a Terra seja invadida por alienígenas. Talvez algo saia do normal como saiu há cinco anos atrás e eu me veja presa novamente em um lugar que não consiga sair, mas dessa vez um lugar bom.