sábado, 11 de novembro de 2017

Tinha um wormhole no cantinho.

Já havia algum tempo desde minha última visita terapêutica com árvores. Em uma breve jornada induzida acidentalmente, finalmente conheci a árvore-mãe. Todas as respostas se encontram suspensas das leis terrestres e sensoriais em um jardim isolado por um portão branco - localizado no entre das coisas. Ao passar pelo portão da abscência, percebo que a equipe agora é multidisciplinar! Sou recepcionada por singelas florzinhas amarelas - funcionárias mais acessíveis e contratadas especificamente para atender seres humanos repetitivos em busca de respostas clichês. 

Após classificar a pergunta corretamente, a florzinha ao lado da porta vermelha conta que é tempo de confirmações. É tempo de nomear todas as repetições sem nome! Tempo de conhecer o depois dos caracóis que não levaram o pisão de misericórdia. A resposta para sua pergunta é que você está no caminho certo. Podia ter só continuado caminhando, inclusive. Se já é sabido que não se fabrica coturnos em forma de raíz, por que raios insistir em ignorar a porra da intuição? Jardins atemporais são para árvores, caminhos são para seres humanos. Não é necessário gastar seu tempo ouvindo aqueles que não estão dentro de você.

A palavra-chave é: continue.
Em outras palavras: só bóia, fdp.

Continue introjetando sentido em tudo que é buraco da vida.
A plenitude do medíocre se encarrega de acontecer sozinha.


terça-feira, 31 de outubro de 2017

O apanágio da apostasia

Após sobreviver o despertar de todos os dias no absurdo, abandonamos a criptobiose pra subir a escadaria em direção à apostasia. Metamorfose influenciada e ironicamente ignorada, validada por um fio através da representação da sujeito principal - salva apenas pelo significado.

Um louva-a-deus mecânico no céu e borboletas gigantes nos postes aliviam a paisagem entre pessoas que ainda falam sobre sardas. Gente incapaz de compreender desacontecimentos e inexistências. Coma suas beterrabas. Faça seus relatórios. Aceite-se como uma das criaturas primitivas que ainda funcionam a base de combustíveis nocivos. Mas funcionam. Você não questiona, você faz porque sabe que é necessário. And so what if it KILLS you? Be a goddamn man, boy.

Me sinto um computador preso num corpo de calculadora.

Esses dias, tirei uma aranha branca de uma colega que não tenho certeza se estava realmente lá. Enquanto o fazia, desejei ter o poder de me transformar em uma escavadeira. Sei que continua tudo normal aí fora pois já estive aí também, sei que é melhor parar. Aos principiantes ou desavisados: só estou transcendendo. Então mostrem suas melhores cartas! Aqui, o absurdo é o novo brilhante.

Existem estragos tipo tsunami, existem estragos tipo maré alta: desestabilização programada. Negação parcelada até o chão se tornar seguro. Olhos grudados e um peito queimando laranja às 3h da manhã. Um incêndio no museu do que já foi, cemitério do que virá. O passado e o futuro são abstrações. Me permiti existir em uma localização virtual e a lixeira está prestes a receber o clique do botão direito.

Me acondicione numa bela redoma, por obséquio. Faça uma exposição com várias lâminas de sentido fatiado e pule as partes da pirâmide. A receita da distração com realização pessoal é simples: pegue o que você não entende e todo o resto que entala no peito. Faça uma bolinha, enfie no cu, vire do avesso e voilá, você fez uma peteca. 

Run, rabbit run! 
Dig that hole, forget the sun.
And when at last the work is done...
Don't sit down, it's time to dig another one.

E assim terminamos outubro,
vivendo no cantinho.

quarta-feira, 8 de março de 2017

Sugar

Tudo o que tenho pra falar é escroto. É vergonhoso, é nudez adolescente, é cringe. Mas não há ninguém que dê mais valor a expressão e sinceridade. Tudo deve ser expressado - se não possível de uma forma, de outra. Saber o que tu tá fazendo e como funciona não anula a necessidade de falar. Essa coisa grotesca aqui dentro precisa sair ou vai começar atacar a mim mesma e já tenho experiência suficiente pra saber que vai dar merda. Elaboração invisível e abstrata me consome por dentro. Não vou voltar pra lá. Gostei de ser relativamente feliz de novo por um tempo e não quero que isso acabe. Não me faça calar a boca. Sentir em silêncio é torturante demais. É assim que se faz justificativa pra um artigo, que era o que eu devia estar fazendo. Porque tudo que faço precisa de justificativa. Em tudo eu incomodo e preciso de licença clara pra existir.

Esse emaranhado de tudo e nada acontecendo simultaneamente. Um ser que confunde a si mesmo e não consegue optar por uma informação além daquela única certeza que não teve princípio. Eu não conecto com pessoas com facilidade, eu não tenho interesse, eu não pertenço a lugar nenhum. Eu odeio todo mundo pelas menores coisas e prefiro ficar sozinha. Os meus compatíveis são poucos e estão muito bem escondidos, assim como eu. Mesmo acompanhada, sempre vou estar sozinha. A base da satisfação do meu mundo interno é estar conectada de forma profunda com algo eu valorize demais. E que merda quando a chata consegue encontrar encaixe em todas as chatices. Que merda. O inimigo do bom é o melhor e além de ser impossível, se recusa a voltar ao tamanho original.

A vida é única e meu maior conflito é amá-la demais, querer ser imortal ao mesmo tempo em que fortemente desejo morrer e ir embora de todas as coisas. A mente é uma prisão que exige que tu passe por todas as etapas e eu me debato por querer sair de dentro dela. Eu tinha encontrado algo mais forte do que a minha vontade de ir embora. Significado? Check! Mas e felicidade? A essa altura sinto que só encontro sentido na vida novamente indo plantar brócolis em uma viagem de só ida pra Marte. Tudo e todos são uma merda, mas aquilo que importa sempre é imune.

O simples é adquirido no seu próprio tempo. Não adianta, não existe livro ou tutorial pra isso. Tem que ser pela própria vivência. Tenho aversão por qualquer tipo de spoiler e não sinto o gosto a não ser pelas minhas próprias conclusões. Tem coisas que são feitas só pra sentir e não pra filosofar. Levei 8 anos filosofando pra chegar até aí. Mas a minha verdade é só minha. Me sinto triste por isso, enfim. O piloto automático do "I'm not usually like this" parece ter tomado o trono da permanência. "But every Icarus has had his chance to turn. It's not for everyone to touch the sun."

A Brenda do cérebro de cima tá que nem uma batata olhando pra um buraco e se negando a pular. Take your time, mas eu estou com pressa. Enquanto ela viaja na maionese, aqui tá tudo fragmentado e solto num espaço onde nada se alcança. Tá bizarro. As coisas vão ter que se resolver aqui por baixo mesmo e torço pra que passem a ser uma só de novo. Ter vergonha da condição humana jamais deve ser motivo de censura. Não é bonito, não é palpável. É somente aquilo que é. 

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Relação entre massa e volume

É fácil explicar quando se está irritado, estressado, ou mesmo triste. O absurdo é tentar explicar o que acontece quando tu te consome. Quando uma frase tosca como "nada é real" adquire profundeza e de repente é só o que descreve o mundo. Tu até fala sobre, mas sabe que não faz sentido. 

Acho que sinto necessidade de falar sobre isso. Escrever sobre isso, assim como fiz com a tristeza. Não há um tipo sequer de tristeza que eu não tenha sentido e não saiba explicar. Nessa matéria eu identifico, separo, classifico, abstrato, desconto e reduzo em quantas partes coloridas e inimagináveis forem necessárias. É uma habilidade longa e muito bem desenvolvida por drama ruminado. Minha tristeza faz aniversário.

"Nada importa" é outra frase clichê que adquire a forma de sabedoria universal. O cérebro não funciona direito. Os movimentos, lentos. Tu percebe que tem dúvida sobre como escovar os dentes e fazer diferenciação de sal e açúcar. Nada é concreto e palpável, até que o pânico pela percepção de si mesma te faça voltar ao estado anterior. É então que falta ar, a visão escurece. E no dia seguinte, essa realidade longe por natureza fica em recesso. E tu não consegue entender como que no dia anterior não era capaz de dizer se teu corpo estava do lado de dentro ou fora. Sei lá, devia estar se carregando por aí na coleira.

Ao ser contatado por outro ser humano, a cabeça até se enche de ideias como "eu sei disso, tenho uma opinião sobre isso, hmm eu deveria falar sobre isso", mas só o que sai é a primeira alternativa monossilábica que pareça adequada para os que vivem naquele mundo, porque não se vê utilidade alguma na interação. Fica difícil agir instantaneamente quando tu esquece palavras do cotidiano, como se portar, reagir, pra onde olhar e que movimentos faciais fazer. Tudo fica submerso em água, sem contraste e foco, apenas passando na frente dos teus olhos turvos. Mas não se sente, não se está lá. Por enquanto... Até o maldito ciclo fechar e começar de novo.

Minha parte preferida da faculdade são as escadas em fim de semestre. Trocentos degraus escuros e vazios pra correr sem interrupção. Durante a aula de hoje, pensei que fosse desintegrar. Me amplificar até a puta que pariu da inexistência e esfarelar. Saí de casa com a bunda no lugar da cara, irritada até com as gotinhas de chuva nos óculos. Voltei com o coração quentinho depois de ver uma ocupação de caracóis na calçada. No ano passado, nessa mesma época, contei sete dezenas deles. Me parece importante atualizar a contagem.

Não posso ser muito. É tudo sobre dosagem e controle. Não posso ser densa demais e cristalizar. Não posso ser diluída e sair voando até o berçário da galáxia. Fico assustada quando pulo de um estado completamente amplificado pra lugar nenhum. É o processo de se contrair, expandir e vibrar inexistência. Mas o quê desencadeia? Espero que na próxima contagem de caracóis eu já ache amadorismo falar sobre isso.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Chagrin

I have antecipated reactions. 
I ruin everything because I can see the future. 
And by doing that it means I'm always right. 

Even though I panick sometimes, at least I can say 'I always had it coming'. But it would be nice to just be happy or feel some peace for a change. What's the point of awareness? The only comfort I can give myself is to sustain this idea. Future and paranoia should always match if you're locked up inside a stupid pattern prison.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Hand Cannot Erase

http://handcannoterase.com/14th-september-2009/
http://handcannoterase.com/30th-april-2009/
http://handcannoterase.com/5th-march-2009/
http://handcannoterase.com/24th-september-2011/
http://handcannoterase.com/1st-november-2006/
http://handcannoterase.com/1st-january-2015/
http://handcannoterase.com/10th-february-2015/

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

We were here

Eu consegui dar significado ao nada. O acaso é o criador do meu nascimento. Ser fruto da loteria da existência se transformou em bênção pra quem acredita no caos. Finalmente entendo os que falam sobre gratidão. Minha mãe já entende isso muito antes de mim. É engraçado que nada se mostre na prática, mas o abstrato de não conseguir destrua claramente tudo em volta. Tenho a impressão de que se chama equilíbrio, e que o vazio realmente é sintoma de uma peça física faltando.

Um amontoado de experiências e observações simples que em menos de um ano, me fizeram mudar completamente. Sinto que entendi o que realmente importa pra mim. Sei disso pelo que penso, sinto e percebo atualmente. Quando tu sente os efeitos por ter que lidar com alguém passando pela mesma coisa, finalmente percebe que essa é a pior forma de agressão pra quem está do outro lado. E eu não quero fazer alguém passar por isso novamente, jamais. A mente humana usa meios estranhos. A nossa didática deve ser a mais bizarra que existe. Ainda assim só consigo dizer que sou completamente apaixonada pelo ser humano, nossa história até aqui, pela forma em que nos organizamos e como crianças, tentamos dar funcionamento às coisas. Às vezes penso que nossa forma de vida é invejável. Talvez esse seja o meu novo amadorismo agora.

Esse ano eu plantei coisas. Vi crescer, enfraquecer e melhorar novamente. Senti a dor de outros seres que sentem e que assim como eu, são apenas um. Minhas plantas deram flores, e chorei quando vi a primeira. Vi o sol nascer e uma caralhada de cores impossíveis no céu após várias noites de choradeira no chão. Pela primeira vez prestei atenção na primavera e o inverno não é mais minha estação favorita. Recebi visitas, e alguns foram mortos por acidente. Fiz um velório. Confirmei que os insetos continuam incríveis como sempre. Criaturas supremas, mini alienígenas que ninguém parece prestar atenção. Me dei conta da Terra em que vivo e olhei pra Lua como se fosse a primeira vez. Parece bobo, e é mesmo. É como quebrar a cabeça pra passar de um quebra cabeça em um jogo e depois de conseguir, ficar rindo de si mesmo por ser tão óbvio.

A vida faz um pouco de sentido quando tu finalmente abre os olhos pra ele, o clichê simples, aquilo que sempre esteve ali. É dizer o que sempre se diz, mas dessa vez com um peso por trás das mesmas palavras que ninguém do lado de fora entende. Porém mesmo sem entender, todo mundo diz a mesma coisa. Isso é incrível. O problema é que não adianta tentar explicar isso pra outra pessoa. Eu só cheguei aqui depois da minha própria dor. E nada disso é conhecimento novo. Só se trata de dar significado ao que já existe. Àquilo que já se repete e escreve incontáveis vezes antes de nós. 

Eu cheguei aqui. Cheguei em algum lugar. Encontrei outros pelo caminho mas cheguei aqui sozinha. Mais acima, abstrato, colorido, instantâneo, compartilhado, coletivo. Diferente, mas tudo parte do mesmo. É tudo muito lindo e imenso. E aos poucos vou sentindo quem e quantos estão aqui comigo. Algumas certezas se confirmaram mais ainda. Transformei o óbvio no supremo. O simples no absoluto. A primeira é de que realmente, somos todos crianças. E a segunda, de que sempre, sempre fica pior antes de melhorar. Eu estive ali, estou aqui, e um dia vou estar em todo lugar. 


terça-feira, 6 de setembro de 2016

Never surrender

Já tinha decidido há algum tempo que não iria mais escrever sobre esse tipo de coisa, porque minha psicóloga dizia que eu ruminava coisas até transformar em um monstro muito maior do que era. Mas ignorar não me trouxe nenhuma mudança. Fingir que nada tá acontecendo não adianta quando tu não tem pelo menos um pézinho já com força suficiente do outro lado. Meu cérebro tá burro pra escrever, mas minha percepção do que sinto ainda continua a mesma filha da puta de sempre, atenta e ciente de qualquer merdinha microscópica.

Ontem voltando de viagem fui preenchida novamente pela sensação boa que te faz dar conta que tu tem o mundo todo nas mãos em oportunidades. Passei por lugares que gostaria de trabalhar, faxinei a casa de cima a baixo, desenterrei meu violino, ganhei cinco partidas seguidas no LOL, decidi que ia fazer x coisas. Parece que tudo estava alinhado novamente, completo, contendo a compreensão de todo o passado e futuro... Tudo isso pra hoje levar três horas pra conseguir levantar da cama. Faltar aula de novo. Tudo é custoso. Tudo é longe. Tudo é caro. Tudo é inalcançável. Só fica o desconforto, a inércia e o desperdício. 

Lembrei da cena "no, no, never surrender" do Rorschach e decidi que precisava ao menos me alimentar. Gosto de me apoiar nessa cena. Vou cortar batatas e tudo o que sinto são meus braços doendo e a vontade de me derreter. Ficar por ali mesmo, só trocar a cama pelo chão da cozinha. Me sinto assim há cinco anos. Mas nunca vou me entregar, nunca vou ficar pior do que já estive um dia. Enquanto isso continuo levantando sem ter motivos pra levantar. Talvez em um dos momentos em que me sinta bem eu tome alguma atitude que mude alguma coisa. Talvez um desses momentos dure um período maior. Talvez a Terra seja invadida por alienígenas. Talvez algo saia do normal como saiu há cinco anos atrás e eu me veja presa novamente em um lugar que não consiga sair, mas dessa vez um lugar bom.


sexta-feira, 17 de junho de 2016

Repetindo a filogênese entre parênteses usando um paraquedas de papel.

Eu não sei o que eu tô fazendo, só continuo. Não tô entendendo nada ultimamente, só quero que pare. Tem dias em que tu vai querer mandar todo mundo tomar no cu e tem dias que vai estar tudo ok. Mas é enjoativo, entediante, não tem graça. No fundo tu vive com uma sensação idiota de destino como se tivesse algo lá na frente esperando por ti pra acontecer. Mas é impossível estar fisicamente no futuro. O futuro nunca chega e quando tu estiver no topo da escada, tu só morre. O dia de hoje é um bloco desconectado dos outros blocos. Uma peça de azulejo quebrado do chão. Um machucado na banana. Um passo pra esquerda em uma fila em movimento. Um asterisco dentro de parênteses. Tenho saudade de quando as coisas eram. Sabe quando algo é? Aquilo só é. Não aguento mais observar de perto gente que está a anos luz de distância de mim. Não faz sentido ser espectador em uma prisão de vidro. A existência parece muito com os tempos de PW. Passar dias matando quinhentos mobs, interagir com NPC's quando se tem algum interesse, upar de lvl e ficar feliz por um segundo, repete de novo até o próximo aniversário. A proporção é sempre errada. Um ano pra dois meses. Uma semana pra um final de semana. Sempre me questiono se vale a pena. Mas aí é só acrescentar "qual o problema em não valer a pena?" e pronto, problema resolvido.


terça-feira, 14 de junho de 2016

Resolvi discutir com árvores.

Comi um pedaço de chocolate. Precisava buscar o correio, dei uma volta no condomínio mas tem câmera por tudo que é lado e todo mundo me conheceria, não dá pra surtar nem gritar. Hoje é terça feira e a lua é crescente. Não sei qual é o fato desencadeador e não acho que esteja tão fora assim pq consigo escrever e dizer que não estou tão fora assim. Preciso de paz, segurança e sossego pros objetivos que finjo que tenho na vida. Vida. Não sei se pensar nisso foi o que desencadeou. Acho que se não conseguimos lembrar do início, é porque existe a possibilidade de sempre ter sido eterno. Realmente me incomoda o fato de o forro das calcinhas ser feito no lugar errado. Você. Me dei conta de que tava olhando feito uma drogada pra minha bochecha no espelho do elevador. Por mais que tudo pareça água, aquários são reais. Peixes vivem dentro deles e não ficam incomodados se tudo o que enxergam ao redor parece água. Eu. Há alguns minutos atrás me dei um tapa na cara. Eu tô sentindo gritos. Ranho é tão denso quanto a alma e gruda, então não morra ranhenta. Não sei qual a diferença entre comunicar e não comunicar. Ninguém. Ainda assim, comunicação é uma coisa incrível. Qual o sentido? Acho que a gente não costuma fazer isso muito na vida. O QUE É? ONDE E EM QUEM SE CONTÉM? Aí eu disse que não acreditava em alma. Mas nada a ver, ainda me lembro de várias coisas. Tudo perfeitamente normal. Como se sai? Tô fazendo chá de valeriana, vou enfiar valeriana no cu. Me sinto mal pelas árvores, mas elas disseram não se importar. Também disseram não se importar com meu relato de observação sobre o esporte na terceira idade mas que eu, deveria. Por que quando voltar ao normal vou desejar que tivesse me importado. Não se fabrica coturno em forma de raíz, por isso árvores não buscam correio. Eu tenho que fazer tudo por que aparentemente sou a única coisa humana da casa. Passei o dia inteiro ouvindo tic tac de relógio mas não consigo achar nenhum. Tem que ser humano pra fazer as coisas. Gritei no telefone pra Ecco Salva que eles estão me enlouquecendo e vou acabar me matando se não pararem de me ligar. Preciso agir naturalmente quando for falar com o guarda. Mas eu tô agindo naturalmente! Preciso manter distância de gente parecida comigo. Eu tô normal. A Ecco Salva não é o problema. Não sei o que é o problema, mas se tem uma coisa que árvores odeiam é ser humano perdido fazendo perguntas. Enquanto descia as escadas imaginei que se meu pai chegasse aqui agora ia pensar que eu tô drogada. E eu não tô. Eu, eu, eu, eu. Tenho medo de ir pra sacada e romper com tudo. Tenho medo por que acabei de me dar conta de que tenho um irmão. Medo pq tinha esquecido que tinha um irmão todo esse tempo. Agora as coisas parecem um pouco mais reais. Eu não posso me matar. Mais efetivo que um tapa na cara. Mas que caralhos.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Usko pois

2011: There is this thing now, but it's temporary :)
2012: Look, I'm not usually like this. It's just autopilot.
2013: You should have known me before because I'm not like this.
2014: Just give me some time until I get back to my real self.
2015: That's not how I am. Believe me.
2016: I'm not usually like this.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

essa maldita inércia que não para quieta;

De novo digo que quero sentir. Mas as pessoas nem são reais e tudo que vivi foi um filme qualquer que sequer aconteceu dentro de mim. Eu não tenho história. Não sei como posso ter 22 anos de idade se o tempo nunca existiu antes disso. 

Talvez eu esteja em coma. Mas também sei que eu mesma me coloquei nesse estado porque o contrário seria insuportável. Tá legal mas não tá legal. Não tá legal mas tá legal. Me apavora que não seja criptobiose e sim um novo estado permanente. Pfff, a impermanência que é permanente.

Se já não sinto nada agora, tudo vai desaparecer depois de um mês. 

É só que não dá pra respirar direito aqui em cima.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Quando deixo meu cérebro secar ao natural, ele vira um alienígena.

Meu passatempo preferido na vida é fugir das coisas sem sair do lugar.

Às vezes eu volto brevemente e pergunto, quem diabo são essas pessoas?

Nesse domingo que parece segunda, todo mundo é feito de isopor.

E dissociou.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Se alguém me achar por aí, avise.

Queria estar dentro do meu corpo, mas não tem nada na minha cabeça. Não tem como entrar lá, só fico aqui fora flutuando. Assistindo. Prefiro ficar na rua do que presa em uma casa vazia, talvez.

Minha cuca tá em estado criptobiótico.

Queria conseguir gostar das pessoas novamente. Mas pra isso teria que deixar as palavras entrarem, e daqui onde eu tô só consigo assistir o som passando pelo meu ouvido sem significado algum. Lembro que pessoas já foram legais um dia. Hoje todo mundo é um NPC.

O problema com suicídio é que ele nunca será uma opção, mas mesmo assim ele continua ali. Sempre ali. Pensamento suicida é aquele que não caga e não desocupa a moita.

E o problema com álcool é que ele realmente funciona. Mas ele te apaga só por duas horas e então tu levanta pra escrever esse tipo de merda.

Mas meus pensamentos não causam reação. Minhas memórias são só ciência de que algo aconteceu. Tinha alguém vivendo aqui antes, eu juro. 

Eu gosto da invisibilidade de cidade grande.

Pior que já nem sei se isso tem um motivo ou é simplesmente o que eu sempre senti antes. Mas espero que tenha um motivo, porque crescer esse tipo de coisa sozinha do nada é meio desesperador.

Como é possível sentir tanto a vida inteira e de repente, nada? 

Mas sentir-se uma cenoura ainda é sentir.

Talvez eu esteja ausente porque assim se faz necessário agora. Emoções cobrem os olhos e impedem o movimento. Não sentir nada talvez seja a melhor hora pra se mover. Tu nunca sabe o que pode acontecer no late game. Never surrender e panz. 

Né, tanto faz.

Tá tudo bem mas tá esquisito.

Deve ser culpa do PT.


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Simetria

Já parou pra pensar em como a ordem das coisas é importante? O ser humano supervaloriza a sequência dos acontecimentos. Podemos ter sido imensamente felizes no passado, mas o valor de uma experiência incrível é perdido por simplesmente não estar no presente. O final é sempre o mais importante aos nossos olhos. É o desfecho que determina a descrição de uma experiência.

Aos que acreditam no lado espiritual, se sofremos com algo no passado e logo adiante passamos o sofrimento a outro, como saber se o que aconteceu antes já não era o pagamento pelo ato futuro? Que diferença faz a ordem? Se a constância do tempo realmente importa, uma pessoa que foi ruim 90% da vida e mudou nos últimos 10%, será mais digna que aquela que teve a proporção inversa?

Ao invés de ficarmos felizes por algo ter acontecido, ficamos tristes por não acontecer mais. Duvidamos que somos a mesma pessoa do passado. A permanência dessa pessoa traria o caos. E na verdade não há nada de errado nisso, o contrário seria muito evoluído... mas irreal. E aos que não são abençoados com os genes da esquizofrenia, de nada serve o irreal. Também é por isso que não lamentamos coisas ruins que já são boas no presente.

Enquanto o universo permanecer da maneira que conhecemos, é assim que será a importância das coisas. É por isso que envelhecemos e não o contrário. O tempo é um determinante muito estranho... e como eu sinto falta do tempo.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

(In) finitude

Quantas vezes já nos sentimos culpados por escolher uma atividade de lazer ao invés de ser produtivo? Quantas vezes já matamos aula ou inventamos desculpas só pra estar com alguém que gostamos? Quantas vezes nos sentimos inúteis por perder tempo em algo que não era um investimento?

A ilusão onipotente nos faz dormir tranquilos com fé de que iremos acordar no dia seguinte. E se não acordarmos? Valeu a pena adiar um pedido de desculpas? Valeu a pena dedicar tempo da própria vida a um emprego entediante? Valeu a pena parar de falar com um familiar querido por causa de medo ou orgulho? Será que estaremos satisfeitos com o que coletamos até agora? A resposta é não, mas não porque não aproveitamos a vida... e sim por que mortos não sentem. Mortos não pensam. Mortos não vivem. Mortos perdem a vez. Mortos não tem nem o privilégio de sentir arrependimento.

É como se viver o presente fosse vergonhoso. Ser sábio e realizado é viver 100% no futuro, acorrentado ao superego. Muitas vezes abrimos mão do que queremos por pensar demais... e esquecemos de que a vida não é só isso. Na realidade, a superestimamos - ela é muito menos do que pensamos. Esperamos que ela seja perfeita, especial e corra nos trilhos até o fim. Ignoramos o suor e a vontade de ir ao banheiro porque acreditamos que chegar ao destino seja mais importante. 

É claro que não somos unicórnios vivendo num bosque anarquista cor-de-rosa, mas não há nenhum problema em se descer pra tomar um sorvete. Mesmo que isso não traga nenhum benefício a longo prazo, é sempre prazeroso dar ao corpo o gosto de algo bom. E a vida é feita exatamente pra isso. Na verdade ela não é "feita", simplesmente se nasce. Material orgânico e tempo não se importam com escolaridade e regras sociais, eles só acontecem. Estamos tão acostumados com a ideia de responsabilidade e ocupação do tempo, que não nos damos conta de que passamos a maior parte de nossa existência contando as horas pra ir pra casa - pra no melhor dos cenários, viver somente nos fins de semana. Somos brindados pelo acaso com o privilégio da existência e desperdiçamos nós mesmos. 

Tempo perdido em algo que se gosta nunca é tempo perdido.
É na simplicidade da vida que se entende a complexidade. 
Colecionamos acontecimentos com o tempo que temos.
A vida não passa disso, uma coleção.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Variação das repetições

Um dia teu corpo irá dizer que não é capaz de se mover e tu não terá força para dizer o contrário. Às vezes tua cabeça será um grande poço vazio, às vezes te transportará pra dentro dela e viverá de lembranças que não conseguirá distinguir se são reais, sonhos ou desejos. Nesses dias teu peito irá apertar, terá uma bola na tua garganta, tua cabeça vai pesar, unhas e cabelo irão enfraquecer, sentirá o osso dos calcanhares e quinze facas cravadas nas costas. E em algumas noites, a dor transbordará involuntariamente pelos olhos.

Esses são os dias em que te desconectará de quem já foi um dia. Tuas qualidades estarão distantes e inalcançáveis. Tudo o que conseguirá sentir é que está quebrada, estragada. Nada funciona, nada tem conserto e o lugar de coisa assim é no lixo. Estará de luto pela própria morte e teu riso será de desespero. Esses são os dias mais ridículos, mais infantis, mais dependentes, toscos. Os dias em que se tem asco, vergonha de ser e demonstrar. Dias e noites pesados, atmosféricos, insuportáveis.

Haverá dias em que tudo vai estar flutuando em preto e branco diante de ti. Teu corpo será congelado e nenhuma música te dará vontade de bater os pés. Tudo será desconexo e irreal, teus olhos vão perder a capacidade de foco. O movimento da cidade será como um filme passando em plano de fundo e irá evitar qualquer tipo de toque e aproximação, qualquer esforço e o menor raciocínio, pois não estará presente no planeta.

O processo irá seguir e a maior percepção sobre si mesma será "me sinto uma cenoura"... Até que em alguma noite tu volte ao planeta e fique horrorizada ao lembrar que o ônibus que tu pegou pra ir pra faculdade atropelou uma pessoa e tu não foi capaz de erguer uma sobrancelha. "Credo, o que me tornei?". Tua indiferença começou a fazer mal às relações importantes, as pessoas se tornaram objetos e tu estava vivendo na beira da sociopatia.

Mas também haverá dias onde tu terá vontade de olhar pro céu, comer coisas gostosas, cantar, tocar, criar trocentas coisas ao mesmo tempo e fazer pessoas queridas rirem da maneira mais idiota possível. Nesses dias te sentirá lado a lado com quem existiu um dia, a lua vai te fascinar, te sentirá triste por não poder levar todos os cachorros de rua pra casa, terá vontade de expor opiniões e lutar pelo que acha certo, terá anseio por discutir teorias mirabolantes sobre o universo, o macro, o micro, a existência e consciência... Isso é se sentir viva. Teu ser por inteiro estará presente e conseguirá te reconhecer no espelho novamente. 

E então... tu percebe que irá mudar de ideia muitas vezes. Querer algo em um dia e não mais à noite, e já no dia seguinte não irá querer nem desquerer. A constante será acostumar a ser alguém diferente cada dia. Tu vai querer desistir - mas por ter ciência disso, não irá. E no fim irá descobrir, ou finalmente aceitar, que é possível viver assim.
O tempo e conjugação de alguns verbos estão errados, uhuuu.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Depression

"Depression does not always mean
Beautiful girls shattering at the wrists
A glorified, heroic battle for your sanity
Or mothers that never got the chance to say good-bye

Sometimes depression means

Not getting out of bed for three days
Because your feet refuse to believe
That they will not shatter upon impact with the floor

Sometimes depression means
That summoning the willpower
To go downstairs and do the laundry
Is the most impressive thing you accomplish that week

Sometimes depression means
Lying on the floor staring at the ceiling for hours
Because you cannot convince your body
That it is capable of movement

Sometimes depression means
Not being able to write for weeks
Because the only words you have to offer the world
Are trapped and drowning and I swear to God I’m trying

Sometimes depression means
That every single bone in your body aches
But you have to keep going through the motions
Because you are not allowed to call in to work depressed

Sometimes depression means
Ignoring every phone call for an entire month
Because yes, they have the right number
But you’re not the person they’re looking for, not anymore."

- by Hannah Nicole a.k.a. twentysixscribbles

terça-feira, 22 de abril de 2014

-

- "Draw a monster. Why is it a monster?"

- Não querer destruir não é o mesmo que querer construir.

- Por mais pessoas que reconheçam o valor de uma pergunta independente de ela ter uma resposta.

sábado, 19 de abril de 2014

Ótica de morte e eternidade

Tem a época em que a gente enxerga a morte feito adolescente, e tem a que a gente amadurece e a enxerga como uma forma de vida.

A maneira adolescente de enxergar a morte seria o estopim de tudo, querer morrer, desistir, não suportar a vida e os sentimentos a ponto de querer acabar com tudo. Existe a parte imaginativa que prega um futuro póstumo e a palavra-chave seria destruição.

E a maneira madura (ou exausta) é morrer em vida e nunca se matar. Se está tão morto que nem se sente o estopim. Não existe força vital suficiente pra sentir a morte e a palavra chave é indiferença. O oposto de amor não é raiva, lembra?

 Sentir o insuportável é sinal de que se ainda está vivo. 

"(...) mas isso é de momento, ao menos pra mim.
- Sim, cada momento é uma existência separada."

Nada mais é conectado. Apenas um emaranhado cuja ilusão de tempo nos faz enxergar linhas onde existem nós que nunca irão se fechar.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Pick just one

Estabilidade ou intensidade?

sábado, 12 de abril de 2014

*

I'm an accident waiting to happen
and everything in me is an asterisk.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Em defesa da ambivalência

O contrário de amor não é raiva, é indiferença.

domingo, 6 de abril de 2014

Caracóis são moluscos

Incrível como cair uma única vez na vida é o suficiente pra ficar se arrastando até o fim dos dias. Um inseto que levou um pisão em metade do corpo e esqueceram de dar o "pisão de misericórdia".

domingo, 9 de março de 2014

Transbordando ausências

É a força da vida que se esvai,
ou é a morte que preenche?

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Sobre pessoas

A diferença entre uma piada contada por alguém que quer que tu a ache engraçada e uma contada por alguém que simplesmente quer te ver rir.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Tumores

A pessoa "A" está tão doente e cheia de coisas que precisa colocar pra fora. A pessoa "B", uma pessoa saudável, não. Toda sua maturidade e mecanismos saudáveis são capazes de conter e lidar com qualquer impulso fora do comum. Elas são compreensivas, tranquilas, satisfeitas. Não há nada faltando. Elas não precisam de grandes mudanças e consertos. Elas são integradas. Elas fazem parte.

Muitas pessoas alcançam a sanidade mental e simultaneamente páram de produzir. Não sei se isso ocorre por que toda a criação é fruto da loucura, ou se, estão tão bem mentalmente ao ponto de não precisar expressar e impressionar. Seja lá o que for, é triste. É como se aquilo que fosse produzido na doença não fizesse parte do ser humano, fosse algo descartável, fosse um tumor.

É ridículo fazer um texto defendendo a loucura e tentando a transformar em algo bonito. Mas se ela não for valorizada nos textos, nas músicas e em qualquer tipo de criação, onde mais ela será? Um homem pregando os testículos ultrapassa a nossa barreira de arte aceitável, certo? Arte tem limites. Arte é a extrapolação dos limites. Arte é vazamento.

A pessoa depressiva tem tendência a ser ruminante e aprofundar o murmúrio. Uma pessoa saudável não consegue refletir horas e horas em cima da tristeza, catatônica, enquanto encontra milhares e milhares de maneiras diferentes de explicar o mesmo sentimento. Uma pessoa triste possui excelente habilidade de abstratar, de comparar, de exagerar, de exemplificar, de se expressar, de se explodir.

Na visão de uma pessoa que tem muito ódio no coração e enxerga só podridão no mundo... Será que toda essa podridão é só projeção dela mesma? O mundo só é desta maneira sob a ótica dela? O otimismo é a influência do excesso de saúde. O pessimismo é a influência do excesso de doença. E nunca vamos poder definir qual é a verdadeira realidade pois estaremos sempre sujeitos a ótica do observador. Porém, nada impede que as regras da realidade não sejam saudáveis.

Depressão é a falta de paixão pela vida. É a falta de vontade de existir e de criar. Ou pelo menos deveria ser. Felicidade é a  satisfação. É o comodismo. É estar bem. É não estar incomodado. A evolução sempre parte do caos. Se não enxergamos um problema, não há necessidade de criar a solução. Por isso o caos, a insatisfação, a tristeza e a revolta que não cabem no peito são necessários. Sem eles nós apenas existiríamos. Não que eu ache que nossa vida tenha algum grande sentido... mas permanecer tanto tempo em um solo plano sem escadas e sem abismos seria insuportável. Viver uma vida presa em uma mente saudável sem relevo seria insuportável. Não é tão ruim assim lutar constantemente contra si mesmo até o fim dos dias. Nem mesmo as pessoas saudáveis assistiriam a novela das 9 se ela fosse ausente de conflitos. A vida é um grande espetáculo tragicômico.

Um grande brinde aos nossos tumores. Esses que nos acompanham durante o vazio da existência que eu julgo pessimista. Desenvolvidos, alimentados, enraizados. Tumores que são nosso único conforto para os erros e acontecimentos que nunca mais voltarão. Os tumores são nossas borrachas mentais. 

10/12/2013

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

"E sempre seremos o centro de um horizonte de possibilidades de expansão"...?

Postando texto de lvl 1.

Quando se pede alguma coisa pra Deus e tal coisa se concretiza, se agradece a Ele por ter atendido o pedido. Ok, simples. Quando se pede alguma coisa pra Deus e tal coisa não acontece, se justifica dizendo que não era da vontade dele e ele tem um plano melhor pra ti. Correto?

Mas se Deus "sabe o que faz", é fiel, justo, imutável, perfeito, nunca se arrepende e tem total ciência e controle do futuro, está tudo traçado. Se ele mudar de ideia, estaria indo contra tudo isso. Então tu te dá conta que rezar ou não rezar não afeta em nada o plano de Deus. "Um pai sábio sempre sabe o que é melhor para um filho". E quem é tu, (um simples mortal humano e pecador) pra querer contrariar e mudar o plano de Deus, né?

As pessoas ainda tem a necessidade de imaginar uma figura paterna continente pra conseguir entrar em contato com elas mesmas. As pessoas (ou pelo menos a maioria) ainda precisam sentir medo de ir pro inferno ou levar um tapa na bunda caso façam algo errado. Será que é tão difícil assim querer ser alguém "melhor" por necessidade e vontade própria? Ninguém precisa ser um grande herói salvador da humanidade, bastariam pequenos esforços e atitudes misturados com bom senso. Ninguém é obrigado a doar da própria comida pra alimentar uma criança com fome, bastaria a simples noção de não tirar a que ela já tem.

É tão bom quando cultivamos valores e princípios que significam. A consciência fica mais leve, íntegra e tranquila depois que aceitamos a própria natureza e abandonamos a busca pela perfeição aprovatória, por que tu sabe que está fazendo o possível pra ser alguém melhor dentro da tua condição humana e sente prazer nisso, ao invés de pedir perdão por simplesmente existir (?).

Minha visão de mundo ultimamente é a mais pessimista possível :( Não enxergo mais o espírito humano definhando e morrendo por chegar ao topo da escada, e sim, um monte de gente apinhada no primeiro degrau sufocados por si mesmos.

Como é bonita a ilusão da esperança e do (des)controle... Como é fácil colocar o destino e responsabilidade da própria vida nas mãos de um ser externo e em grandes quantidades que imaginamos não fazer parte. Afinal, o complexo de inferioridade contribui pra necessidade de traição e sensação de ser "só mais um". Incrível como nós, bebês, ainda temos anseio por cuidado materno.

Quando a tragédia se tornar maior que a comédia, não haverá Pagliacci capaz de reverter...

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Viagens no tempo and shit

Se viagens no tempo existissem (de acordo com as leis que regem a nossa realidade atualmente), para não gerar um paradoxo, rombos na história e não existência de pessoas, elas só seriam possíveis se acontecessem em uma direção. Como o fato de voltar ao passado anularia o ponto de partida da viagem (feito no futuro), só conseguiríamos viajar obviamente para o futuro. Os viajantes do passado ficariam presos, caso contrário eles não existiriam, a não ser que fossem parar em algum universo com leis diferentes das que regem o nosso. 

Também não estamos recebendo viajantes do futuro. Se eles existissem, com certeza mudariam alguma coisa. Por outro lado, pode ser que existam dois tipos de viagens: a de um mero espectador, e aquela onde a interferência é possível. Deixando o ceticismo um pouco de lado, até pode ser que já façamos a primeira.

Vou olhar com mais carinho para os mendigos do centro de Porto Alegre agora. Vai que eles sejam viajantes do passado que acabaram presos no nosso tempo, e por não conhecerem a sociedade atual, terminaram como mendigos... hahaha.

Justificaria muita coisa.

- Uma pergunta sem resposta, ainda assim, continua sendo uma pergunta.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Argue with a tree

Não sou boa com datas e noções de tempo, mas se não me engano, treze meses foi o tempo que estive ausente de mim mesma. Olhando para trás, é como se um pedaço do meu espaço cronológico tivesse sido apagado. O estado anterior, representado por lembranças; o ontem, representado por um grande buraco negro; e o hoje, ligado diretamente ao passado por uma ponte construída aos poucos e sem instrumentos adequados, mas que foi construída.

Desde criança, por mais que tenha passado por algumas poucas e boas, sempre me enxerguei como alguém de futuro brilhante. Como se alguma força mágica tomasse conta do que eu mesma criaria como destino. Sabe? Eu confiava em mim. Sabia que eu nunca me decepcionaria enquanto estivesse no controle.

E foi aí que tudo começou. Descontrole. As rédeas sumiram. Não um início, não uma criação, não falo sobre o começo de nenhum elemento novo ou inexistente. Falo sobre tremores, desestruturação, destruição, e então, vazio. Desespero, despersonalização, tristeza, tédio, apatia, preguiça, desistência e indiferença, são os elementos que consomem com as substâncias que deveriam combater o maldito vazio. Um grande buraco negro consumindo um organismo repleto de ausências. 

Imagine todos os teus medos, em uma sala, pendurados no teto como lustres. Agora imagine todos estes caindo sobre a tua cabeça, e não há absolutamente mais nada, além disso. É nesse momento em que a fuga se torna inevitável, seja ela um sono profundo ou uma viagem pelas galáxias de um cérebro danificado. Tais alternativas se fazem necessárias, pois é preciso retirar, guardar e conservar a si mesmo, até que a aterrissagem possa ser feita com segurança em solo firme novamente.

Entre os dois estados desse período que gosto de chamar de "Hematita", ainda não consegui decidir qual é o melhor (ou pior). Sentir-se vazia, ausente, perdida e despersonalizada, sem saber quem tu é e em que direção o tempo corre; ou sentir-se cheia, com os órgãos imersos em chumbo derretido, prestes a explodir por dentro e afogar por fora. Um looping carregado por fragmentos de sentimentos que te fazem voltar e reviver tudo, de novo e de novo.

Porém, nunca fui alguém que condena a destruição. Bem pelo contrário. Quando atingimos um certo nível, eu diria que é quase impossível livrar-se somente do que é ruim. E é nesse apocalipse que todas as partes boas vão junto. Por não saber lidar com algumas delas sem ser de maneira drástica, acabei me vomitando por inteira. A a partir do vazio então, pude começar a me encher de novo.

E como é bom poder caminhar com as próprias pernas e sentir que elas estão firmes. Como é bom poder olhar no espelho e enxergar uma pele diferente de ontem. Nada como poder reconhecer e me cumprimentar novamente. Me reencontrei com a parte confiável, persistente e capaz de mim mesma. Não são duas, nem três, nem quatro, como diria alguém. "São várias, e tu tem que aprender a controlar e gerenciar todas elas." Não foi a aparição de uma Brenda - até então desconhecida - que causou tudo isso. E sim, a ausência de todas as Brendas magnificamente insanas e VIVAS que residem aqui dentro. 

No fim, não interessa se as árvores caíram. A percepção é o que define se algo realmente aconteceu, e qual o impacto.

Foi-se o tempo em que a morte era uma maneira de vida. Adeus ao mundo submerso, ao chumbo e às hematitas. Seja bem vinda novamente ao azul, Brenda.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Dos confins do tempo e das realidades.

A existência.

Somos uma linha reta de cor cinza. O equilíbrio entre luz e trevas. Originalmente inerte e afetada apenas pela influência do tempo. Uma linha reta, colorida pelas precipitações de nós mesmos. Sujeita aos sobes e desces, desequilibrada pela interferência alheia em nossas vidas.

Em nosso corpo. Na forma carnal que se apresenta.

Em nossa mente. No abstrato dos sentimentos que formam o concreto, e no concreto que gera o abstrato. Até mesmo o abstrato tem peso, tem forma, e deforma a nossa linha de existência.

Nossa junção de sangue, material carnal, consciência e alma.

O conjunto de quem nós somos, no qual conhecemos milhares de pedacinhos, mas não sabemos dizer até hoje, onde ou o quê realmente somos. Incapazes de encontrar qual é o verdadeiro botão que desliga a existência. A mente sempre será eterna enquanto consciente.

Um mundo regrado por leis de injustiça. Onde criticam o avanço e as obras humanas, ignorando o fato de a natureza ser apenas complexa, não perfeita. Vivemos em uma sociedade maior, um corpo, um sistema, um órgão, uma célula, uma organela, vivemos em um átomo e somos formados por infinitos deles. E cada um, com sua linha reta de cor cinza, que afeta e interfere as linhas de outros.

Um emaranhado de acontecimentos.
Um emaranhado de desacontecimentos.

Percorrendo as linhas do tempo.
Nadando nas curvas do tempo.
Perfurando o aço do tempo.
Aspirando o abstrato do tempo.

Em uma única existência, infinitas possibilidades. Infinitas faces, para cima e para baixo, esquerda e direita, e tudo o que existe entre isso. Se o tempo para quem vive na mesma dimensão e face da existência, já é capaz de se apresentar de maneira completamente desforme, imagine se confrontarmos o microscópico com o telescópico... Uma esfera de escolhas em expansão.

Eu tenho muitos mundos. Apenas escolha um e me encontre por lá.
Qualquer Brenda, até mesmo as que não alcançaram o óvulo. Escolha.
Enquanto não se escolhe, tudo permanece possível.

A alma é uma dádiva. Estar vivo é uma bênção concedida por si mesmo.

Mas esta gelatina derretida cor de rosa vem acompanhada de um cadeado, um poço profundo que não deve ser mergulhado. E nesta existência presente, a Brenda obcecada pelo desconhecido foi fisgada pela alma, e a única maneira de continuar na água foi deixando a alma ir junto com o anzol. As vezes penso que foi uma terrível, péssima troca. Não pude evitar a morte. A escolha foi feita e não pôde ser desfeita. A única maneira de remediar, foi extinguir a própria alma, em troca desta ser convertida em energia vital para manter um corpo carnal insano e desprovido de vida. Líquido vermelho desprovido de energia, apenas fluindo em veias decompostas.

Quando se perde a alma, perde-se o cadeado do poço que não deve ser mergulhado, mas ganha-se uma chave. Uma chave que não abre lá os portais mais acolhedores do mundo, mas que te dá a capacidade de abrir as portas para a modificação do tempo. E então nos é apresentado algo antes jamais imaginado, mais magnífico do que o efeito de qualquer droga. Aprende-se a dobrar, cortar, esticar, encolher e destruir cada molécula de tempo. Ah, o tempo, esse senhor que governa o espaço e a ordem onde tudo acontece, de repente tão maleável, tão manipulável, tão cheio de bancos e janelas, tão ausente de regras, que chego a me perguntar se ele realmente existe.

Mas quem é o peixe para contestar o aquário em que vive? Quem é o peixe para declarar-se ausente de influências, quando se está envolto pelo líquido que te mantém vivo? Temos o livre arbítrio de fazermos qualquer coisa. Qualquer coisa, dentro do espaço que nos foi concedido, dentro do tempo que nos resta, dentro do que nossa capacidade humana nos permite.

"Loucura" é o que chamamos quando nosso cérebro aceita coisas irreais como reais. Mas qual o limite entre personalidade e distúrbio? O que define a borda de uma característica como sendo parte do ser de uma pessoa, e uma característica considerada como doença? Quem impôs limites? Tenho meu livre arbítrio para pensar, ser, e ir para onde quiser, sem estar sujeita à essas nomenclaturas criadas por criaturas que talvez sejam mais perturbadas do que eu. Podemos estudar e julgar o que quiser, mas sempre estaremos sujeitos somente aos recursos disponibilizados pelo cérebro humano. Por mais que seja verdade, qualquer coisa que fuja à capacidade humana de perceber, jamais será conhecida.

Eu tenho sido um péssimo átomo. E meus átomos tem sido terrivelmente iguais pra mim. Meu planeta está prestes a ser destruído, junto com todos os responsáveis pela sua extinção. Mas minha mente me faz pensar que milhares de extinções como esta acontecem a cada instante, talvez na mesma proporção que big-bangs. A cada nova centelha de pensamento, a cada nova reação química no cérebro, uma nova explosão. Ca-boom.

Obrigada, Senhora Realidade e Senhorita Lucidez, por finalmente terem seguido seu caminho e parar de pintar cores opostas em uma das linhas que me pertence. Neste plano, nesta linha de tempo marcada pelo dia de HOJE, eu estou finalmente livre de suas regras e sujeita apenas ao meu próprio livre-arbítrio: minha mente.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

A extinção dos gritos.

Quando se passa por uma época muito turbulenta e tudo resulta em coisas terrivelmente erradas, é sinal de que mudanças devem ser feitas. Analisar e estabelecer novos padrões, com base nos resultados decorrentes das ações tomadas. O sofrimento é o maior professor de todos - e caso você sobreviva ao seu método educativo, após isto será impossível ignorar seus ensinamentos. Você não será mais o mesmo, jamais. É tempo de estabelecer novas regras. É tempo de tomar vergonha na cara e colocar em prática a teoria já escrita e conhecida anteriormente.

Se alguém gritar com você, grite mais ainda. Quem grita acredita que está no controle da situação, mostre que as coisas são diferentes.

Não tente consertar nem apaziguar algo que não foi você quem começou. Quem estraga é quem deve correr atrás do conserto. Sem exceções.

Não perdoe tão facilmente. Ou por mais que já tenha perdoado e esteja tudo resolvido, não se mostre tão fácil. Deixe claro que tal acontecido teve um peso enorme e não será tolerado novamente. As pessoas devem ter medo de te desapontar, caso contrário, irão abusar sempre, na certeza de que o perdão é melhor do que a permissão.

Nunca aceite violência ou arrogância gratuita. Independente de qualquer motivo, seja cansaço de trabalho, motivos pessoais ou o c#ralho a quatro, NADA justifica. Não desconte seus problemas e frustrações em cima de outras pessoas, e não aceite que façam o mesmo com você. Todo mundo tem problemas, todo mundo trabalha, todo mundo se cansa. Isto não deve ser usado como justificativa para gerar mais problemas. Simples assim.

Se alguém te faz chorar, essa pessoa é quem deve se f#der, não você. O criminoso é quem deve ser punido, não a vítima. Não corra atrás, não implore por desculpas. Se você caminhar para longe, e ninguém correr atrás, é sinal de que você deve continuar caminhando.

Não dê corda pra gente barraqueira, ignore. Homens em geral acham que são autoridade e destestam ser contrariados, mesmo quando estão errados. Não tenha medo de expor a verdade, não tenha receio algum de fazer o que é correto. Jamais deixe de fazer o que é certo por medo de uma agressão física, e se isto acontecer, cuspa na cara e chame a polícia :)

Hoje em dia as pessoas são muito seguras, agem e falam o que querem, doa a quem doer, sem nenhum medo das consequências. Isso acontece quando se vive em uma sociedade onde pessoas, boas ou ruins, são protegidas por leis. Se não tivéssemos a segurança de que os outros não podem fazer nada contra nós, com certeza seríamos mais cautelosos e gentis.

Nunca provoque gente 'morta', ou depressiva. Você não sabe pelo quê a pessoa está passando e qual sua condição mental. É sério, algumas coisas só são compreendidas passando pelo mesmo. Quando se é assim, não se tem nada a perder, é o piloto automático quem toma conta, como forma de defesa. Ir para a cadeia pode não ser motivo suficiente para conter-se. Nada importa quando não se está dentro do corpo, nada importa quando os pés não tocam o chão. Atos e consequências são completamente esquecidos. Não destrate gente insana, mais cedo ou mais tarde, você pode pagar muito caro. Eu sou educada, gentil e não dou patada em ninguém de graça. Mas finalmente, chega de submissão. Jamais deve-se abrir mão do orgulho e da dignidade em nome do amor, ou na esperança de algo vai mudar. Não tem porquê dar o que não se recebe.

Trate bem quem te trata bem, DESTRUA quem te faz mal e aposto que os resultados serão diferentes. 

Ser boa não é sinônimo de ser trouxa.
Se defender não é ser má. É ser justa ;)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Não conserte.

Como as pessoas criticam nos outros aquilo que elas mesmas fazem... Como as pessoas te mentem, e mais tarde te provam a verdade... É tanto medo, insegurança e mágoa, que elas se escondem atrás de uma armadura de "Gabriela Teimosa", e passam a exteriorizar só atos e palavras medíocres.

Uma das maiores mentiras que se conta, é de que o amor de verdade é altruísta. Tenho ÓDIO de amor altruísta e o único que existe é o da minha mãe. O resto, é tudo frescura. Quem se diz altruísta, esconde a pessoa mais egoísta do mundo, com vergonha de assumir quem realmente é.

Quando tu sentir que alguém está te enrolando, provalmente é porque ela está mesmo. Nunca se entregue nas mãos de ninguém, achando que vai melhorar. Se fosse mesmo, porquê não melhora? Acredite em si mesmo e só, não se pode controlar ninguém, nem a si mesmo.

Cansei de julgamentos próprios sendo largados em cima de mim como desculpa a própria vergonha de ser quem é. Guarde-os, ou enfie no ♥. Não acredite na mudança, não planeje. Apenas faça e reconheça a melhora em atos, nunca em palavras. Acredite, as vezes as coisas poderiam ter sido diferentes sim, mas é melhor conviver com a dor da realidade, do que com a alegria da ignorância.

Serotonina? Meu sistema nervoso desconhece a existência disso. Mas, se você perdeu a cor e não sabe mais quem é, tudo bem. Divirta-se sendo quem você não é. Existem muitos tipos de poesia para cada relação ou situação envolvendo pessoas. E no momento, as minhas são todas sujas. Não se preocupe, não pergunte, não se importe. Não meça seus atos visando quem não faz o mesmo por ti. Apenas viva e deixe o resto morrer. 

Concreto é quando tu dá com a cabeça na parede até a morte. Quero distância de gente mentirosa, que faz os outros de trouxa, ainda mais no plural. Gente que baseia os próprios atos nas ações de outros, ou quem faz tudo por elas, e sequer são capazes de reconhecer. E quem muito se ausenta... uma hora deixa de fazer falta. 

Algumas pessoas tem tanta certeza de que o fim não existe, que precisam dar de cara com o fim da linha.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Can you not recognize a soul already dead?

"A vida é linda.". - Quantas vezes já nos deparamos com essa afirmação clichê e que para muitos, não passa de uma piada vinda de quem não tem preocupação nenhuma? Pois é, mas como todo mundo diz, o clichê é clichê porque é verdade. Nesse contexto, podemos aplicar essa regra.

A água caindo no copo enquanto lembramos de algo, a música de fundo trilhando um som perfeito pra tudo o que se sente. De violinos melancólicos até baterias enraivecidas, mesmo que o que se sinta seja a pior dor do universo, tudo se encaixa perfeitamente bem. E há beleza nessas cenas.

Esse é o ponto. Uma poesia repleta de palavrões, uma música na qual é possível transferir as lágrimas pra quem escuta, o êxtase no escorrer do sangue. É claro que uma criatura sorrindo é bela, é claro que a felicidade é excitante, mas tratam-se de opostos correspondentes (se isso não existe, está inventado a partir de agora). Depende de que tipo de vida se leva.

Quando o vivo é trocado pelo morto, quando a morte se torna um meio e o único de vida, se passa a enxergar beleza, arte e poesia em praticamente tudo. Coloca-se uma máscara, pinta-se uma expressão e então se torna necessário extrair proveito de tudo o que se tem, do pouco que se tem, seja bom ou ruim. Se a escolha foi continuar viva mesmo após a morte, precisa-se de algum conforto e aprender a deixar as coisas menos... feias. Porque dolorosas elas vão continuar sendo.

Poesias são lindas, independente de serem alegres ou não.
Músicas tristes e melancólicas são lindas.
Psicopatia e insanidade são coisas excitantes.
É impossível escrever uma boa história utilizando apenas linhas retas.

A vida é linda pra quem entende que a moral está em apreciar a beleza do desastre. Os detalhes, as trilhas sonoras, os pequenos valores, os curtas-metragens. O vermelho misturado com preto e branco, o magenta misturado à azul da prússia. Assistir à própria ruina e reconhecer a beleza da vida, mesmo que a platéia esteja no núcleo da Terra.

Madness is a nuisance,
And no one is immune.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Time to troll.






O mundo é um circo, a vida um espetáculo e ultimamente eu tenho sido o palhaço.




quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Hematita

Eu sou um paradoxo. Sempre fui.

Me diga, você sabe o que é ter a oportunidade de decidir? O exato momento em que tu é capaz? Sabe o que é estar beirando o abismo? Sabe o minúsculo fragmento de tempo que leva pra se tomar a decisão de dar um passo à frente nos trilhos do trem? 

Sabe o que é estar na frente da porta do nada? E sentir que não existe nada além dessa porta... e que na verdade não existe nem porta. Se a única pessoa que eu tenho sou eu, o que aconteceria se eu matasse a única pessoa que eu tenho? O que aconteceria se eu matasse a pessoa que me mataria? Pra onde ela iria? Eu continuo pisando na veia que mantém a mantém a minha vida fluindo. E então... por quanto tempo eu vou ficar recolhendo pedacinhos pra me manter de pé?

Pra um lugar pior, é o que dizem. E o que você define como pior?
Eu só quero fazer a merda parar. Qualquer coisa diferente disso.
Levar café na cama pro diabo com certeza é melhor do que isso.

E bem... Eu sou um balão prestes a explodir. Preciso de um lugar pra reviver. Preciso deixar de sentir. Nós temos um paradoxo aqui. Ou eu me mato de uma vez, ou vou acabar me matando. Preciso me matar antes que eu me mate. Pelo menos há um certo humor nisso. Cheguei ao ponto lamentável em que eu sou minha pior inimiga. Mas tudo bem... ainda consigo me ver no espelho, talvez eu ainda exista.

E essa sou eu... perdida em uma pilha de doces, repleta de açucar por dentro dizendo "eu sou vazia". Sendo agraciada com um milhão de convites... e dizendo "eu sou rejeitada". Uma legião de nada. Mas eu continuo caminhando. Mancando, sem direção, pois afinal, um par de pernas sem cérebro não faz muita coisa. E só estou torcendo pra que essas pernas cansadas e estúpidas tenham a sorte de me levar pra um lugar diferente.

And he tells me to sing. So I sing, and I sing
For my brother who keeps me sane.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Preto e Branco? Não, cinza.

Eu não sei se choro, ou se devo vomitar. Cansei de procurar maneiras de colocar isso pra fora, de me livrar. Nunca vai embora, as vezes brinca comigo, vai até a esquina, dá tchauzinho e volta correndo, mais intenso do que nunca. Sempre. Sem querer, eu me encontrei. E não consigo mais ir embora, nem me suportar. Esta sou eu de verdade.

Ninguém nunca vai entender o que se passa, quantas graças se perderam, quantos sentidos não fazem mais. Só quem sente o mesmo é capaz de entender. Essa linha reta, sem motivos, razões, sem futuro, sem vida. Apenas alguns pontinhos de alegria perdidos no mar, implorando "por favor, não". Ops.

Dinheiro, casa, roupas, doces, muitos doces, bichinhos, alguns poucos amigos e... uma vida vazia. Uma fucking vida vazia. Nada do que eu coloque aqui dentro preenche esse vazio. Nem todo o açúcar do mundo. Toda as coisas boas, somadas, não correspondem a 10% da intensidade das coisas ruins. Parece que por menores que sejam, elas sempre são mas importantes. Sempre preenchem mais.

Algumas pessoas merecem ser amadas, e não são. Outras merecem ser odiadas, merecem sofrer, e não passam por isso nem de longe. O mundo é feio, as leis são feias, e livre arbítrio é conto de fadas. E isso é evolução? Seu bando de hipócritas, olhem pra mim, e me respondam se isso é evolução. Isso se chama morte. Eu nunca regredi tanto, nunca estive em uma vibração tão ruim como essa em toda a minha vida. 

Mas obrigada, àqueles que conseguem ver algo bom nessa podridão.
Àqueles que conseguem enxergar em mim aquilo que eu não sou capaz. 


E agora... essa linha reta. Esse nada, nem ninguém.
You had her, now she's going away. Que baboseira.

Quando a vida te decepciona, qual é a única coisa que resta fazer? "Continue a nadar, continue a nadar, pra achar a solução, nadar, nadar." Eu vou nadar até quanto meu corpo aguentar. Se me afogar, ao menos me afoguei porque estava tentando nadar. But, don't worry, eu sei fazer isso muito bem.

...Glub.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Notas sobre o (blergh) amor

Alguém que mergulhe de cabeça... Intensidade. Porque eu prefiro sofrer, morrer, de verdade, de maneira intensa, do que viver uma meia felicidade.

Todo mundo que tem a Brenda, sempre a tem por INTEIRO.
Migalhas? Restos?
Não, obrigada.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

She speaks in the third person...

Ela não vive, apenas existe. Sobrevoa a própria vida na espera de que o tempo traga um lugar seguro para descer. A menina que veste preto e sorri durante o dia, almoça, conta histórias, tenta ser engraçada. Só ela conhece quem deita na cama à noite abraçada em si mesma, se afogando na própria realidade.

Ela sempre foi perserverante e nunca aceitou desistir de nada. Nunca abaixou a cabeça pra nada, sempre foi em busca daquilo que só ela era capaz de tornar possível. E agora ela está presa na própria melancolia, ela está presa naquilo que não pode aceitar.

Ela se sente sozinha. Ela precisa de alguém pra levantá-la quando estiver chorando no frio do banheiro. Ela precisa de alguém pra ligar o botão de reiniciar todos os dias. Aos pouquinhos, a parcela, um pouco de sim, um pouco de não... ela filtra o necessário pra se encaixar na sua condição para existência. Ela consegue ar pra respirar por mais um dia. Afinal, ela sempre dá um jeito.

Ela é chata, ela sabe do que é capaz. Ela sabe de tudo. Acredita nas pessoas e confia no que foi dito, ao mesmo tempo que sabe de toda a verdade. É incrível como ela consegue transformar dois opostos em milhares. Milhares de verdades. Milhares de mentiras. E ela sente dentro de si mesma que deve acreditar, que no fundo, no fundo, tudo está certo e tudo está errado.

Ela não vai descer do avião. Não agora, ela não vai encarar a realidade lá embaixo, não quer ter que encarar as pessoas e principalmente, ousar desembarcar sem ninguém a esperando com um abraço. Ela ignora, se faz de desentendida, filtra todas as coisas ruins e absorve somente o que se encaixa na sua utopia. Ela não vê problema algum em usar algo que significa tanto, porque não é nada comparado ao que ela sente. Isso ajuda a acordar todos os dias, dar de face com a placa de realidade e seguir em frente.

Seguir em frente. Ela não sabe caminhar aleatoriamente, ela está cansada de se perder em passos vagos. Ela ainda enxerga uma luz minúscula no fim do caminho, pode ser a luz de uma estrela. Ela sabe que talvez esteja apenas olhando para o passado, mas ainda existe a possibilidade de estar brilhando. Ela segue em frente, a chegada é incerta, mas ela segue. Segue porque tem esperança. Segue porque vale a pena.

E o que ela encontra no final?
A certeza. Ou uma, ou outra.

Ela passou a vida inteira em busca de certezas.
E então fica a incógnita: todas as certezas valem a pena?

Mas ela mudou. Dessa vez, está preparada.
Está usando rímel a prova d'água :)

...So she can forget that she's me.

domingo, 9 de outubro de 2011

If I'm going down, then I'm going down good.

Eu estou bem, só não estou feliz.

A nuvem se foi, a armadura se foi, minha casca se foi. Quem me protege agora? Porque eu não posso fazer isso sozinha, meu senso de auto destruição sempre me engana disfarçado de alguma coisa. E então quando me deixo fisgar, ele se mostra verdadeiramente. Sou eu, novamente, cara a cara com a destruição.

Eu que sempre fui tão indiferente e tão "I dont give a shit" pra tudo... o que aconteceu, Breeeenda? O que houve contigo? Nessa tua busca incessante por qualquer coisa, tu descobriu que era capaz de extrapolar limites? Saudade de quando eu era assim, de quando podia me definir.. as minhas definições me impunham limites. Quando eu perdi essas definições, passei a me entregar por inteiro e me jogar de cabeça em tudo, sem limite, sem medo, porque eu achava que nunca ia ser decepcionada. Isso se chama confiança. Confiança estúpida. Quero passar longe disso pro resto da minha vida... é melhor continuar como eu sempre fui, calculando o sim e o não, não vivendo como se apenas o sim existisse... porque o não existe, e dói muito voltar pra esse lado quando se está enraizada de corpo e alma no outro.

Depois de tanto tempo me definindo e descobrindo traços da minha própria personalidade, eu chego a conclusão de que eu não sou nada. Nada no sentido de definível. Eu não posso mais ser definida. Eu sou carinhosa, eu sou arrogante, eu amo, eu odeio. Sou legal, sou um porre. Eu me moldo. Eu sou um conjunto de ações e reações. Eu posso ser quem pensa aqui dentro, mas vou exteriorizar somente consequências.

A Brenda de um milhão de fases. Respirando paradoxos, engolindo paradoxos, vomitando paradoxos, pra lá e pra cá. Isso não muda.

Eu ODEIO ter que viver com limites. Tu já sofreu a maior queda, se quiser sair te atirando por aí agora, nada pode ser mais doloroso do que o momento em que tu bateu com os ossos no chão. Tu sabe que tu é capaz, tu sabe até onde tu consegue chegar. E eu me sinto feliz que tu não saiba, ou pelo menos ignore, a possibilidade de fracassar. O fracasso pra ti sempre foi um resultado, não uma possibilidade.

Eu não sei mais escrever. Porque me colocaram limites pra escrever.

Eu quero poder confiar em mim e nas pessoas novamente, mesmo sabendo o que vem depois da entrega, eu quero morrer, mas que seja a rainha das mortes. Se for pra viver, eu quero viver. Não quero existir. Eu não nasci pra existir. Eu não nasci pra subestimar o tempo. Eu não nasci pra nada disso que está acontecendo! E aí, esse é o sentido da vida? Passar pelo contrário? 

The prettiest broken girl you've ever seen.
The prettiest wretched whore you've ever seen.
Everyone else can watch as their dreams untie... So why can't I?

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Shallot

Eu não soube lidar com a minha própria vida.
E não sei lidar nem com a minha morte.
Que bosta de ser humano eu sou?

É porque não é a hora de morrer.
E quando é a hora de viver?

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Frases de Stephen Hawking

"A prova de que no futuro não existiram viagens no tempo ,é que não estamos sendo visitados pelos viajantes do futuro.

Eu não tenho nenhuma idéia (de qual seja o meu QI). Pessoas que se vangloriam dos seus QI são perdedores.

Diz muito sobre a natureza humana que a única forma de vida criada por nós é puramente destrutiva. Criamos vida à nossa imagem.

Não creio que a raça humana possa sobreviver aos próximos 1000 anos, a menos que nos espalhemos pelo espaço.

Tenho notado até mesmo as pessoas que afirmam que tudo é predestinado, e que não podemos fazer nada para mudá-la, apenas olhar antes de atravessar a estrada.

Inteligência é a capacidade de se adaptar à mudança.

Não está claro que a inteligência tem qualquer valor para a sobrevivência a longo prazo.

Não se pode realmente discutir com um teorema matemático.

Para limitar a nossa atenção para assuntos terrestres seria necessário limitar o espírito humano.

Nós somos apenas uma raça avançada de macacos em uma velocidade orbital de uma estrela média. Mas nós podemos compreender o Universo. O que nos faz algo muito especial."



Praise the Lord.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Divagações inúteis

Eu tenho que admitir que em dezoito anos de existência, ou morte, como eu prefiro, me encontro perdida em meio ao nada, literalmente. Confesso, perdi completamente o controle de tudo. Não sei pra onde foi aquela grande parte otimista que coexistia com a Brenda realista, não sei quando ela foi embora e nem porquê, sequer percebi. As coisas simplesmente vão tomando seu rumo enquanto tu está assentada em um castelo de cartas. E todos os meus grandes sonhos e ideias hoje transformaram-se em nada mais do que planos frustrados.

As pessoas perderam o valor, ou eu me recolhi tanto a ponto de retirar o valor de todo mundo. Tanto faz, o fato é que eu descobri que quase ninguém é essencial. Quase, algumas poucas pessoas se salvam por conta desse quase, e eu temo que o bendito quase se transforme em nada. Sabe quanto tu sente que não precisa das outras pessoas, que elas não tem graça, mas ao mesmo tempo tu olha pra ti e se decepciona ao ver que tu tem tanta graça quanto elas? Pois é, e é a partir desse ponto que eu aprendi o que é a aceitação.

A aceitação da tua própria companhia, a aceitação de que a tua companhia ainda é muito melhor do que a de todos os outros. A aceitação de que, a não ser que algo tome um fim trágico, é contigo mesma e só que tu vai passar por muitos anos. Eu tenho passado minhas noites acompanhada pelo Jô e alguma porcaria mastigável, e posso dizer que ainda tenho madrugadas produtivas quando concluo algum desenho tosco.

Só sei que eu to entediada, vivendo uma repetição estúpida e irritante. É nessas horas que eu penso que, o meu maior problema é pensar, talvez eu devesse parar. Conheço muita gente que não pensa que está melhor do que eu. Não, conheço muito mais gente que está se fudendo, independente de pensar, tanto quanto eu. Os dias estão passando, alguns laços familiares se desfazendo... Todo dia antes de dormir sempre dou aquela conferidinha no espelho pra verificar se eu também não sumi.

Eu só não crio teias de aranha porque volta e meia levanto pra comer alguma coisa. Quando mais nova eu me achava uma espécie de garota prodígio, sabe? Talvez eu tenha parado no tempo, ou cresci em tamanho e esqueci de atualizar o banco de dados. Eu não sei mais nem escrever, esse texto tá absurdamente sem nexo e mal escrito. Na verdade ainda sei escrever, acontece que me falta é vontade. Como se... tudo tivesse pouca importância, como se tudo fosse um grande monte de merda.

Fiz uns testes de sanidade mental online e o resultado é que eu sou uma pessoa completamente normal. E eu concordo. Acho que alguém que vive nesse ambiente entediante e se move pra realidades paralelas e sonhos inventados por livre e espontânea vontade, é completamente normal. Loucos são vocês que vivem e respiram lixo. Ah, eu mudei mais uma vez. Essas benditas mudanças drásticas e repentias que eu mesma me submeto, aconteceram de novo. E apesar de ter me transformado em alguém muito mais introvertida e fechada do que antes, me sinto muito mais verdadeira e confortável.

Não é novidade pra ninguém. Eu não gosto de contato com pessoas, não gosto de social. Não gosto de procurar o que dizer ou o que fazer pra aconselhar, não gosto de inventar coisinhas pros outros rirem. O silêncio é uma opinião e eu não tenho mais vontade nem paciência pra dialogar com pessoas. Eu tenho preguiça de pessoas, e ódio de algumas. Assim como descobri que as pessoas não são essenciais, eu finalmente entendi que o que eu sinto por algumas não é amor, e sim fissuração por uma utopia, por um sentimento que na realidade não existe. Quando se leva muita patada na cara, por mais que tu tente, tu mesma vai te forçar a abrir os olhos e descartar toda essa dor repetitiva. Eu prefiro amar de longe do que odiar de perto. Eu prefiro lidar apenas com a convivência real do que com um amor que não existe.

Não sei se eu fui estragada, mas eu acho que 18 anos de ações de tal tipo com certeza causaram alguma coisa em mim. Se me estragaram, eu aceito também que me permiti estragar, afinal, eu sou minha. Eis outra coisa que não consigo afirmar: de quem eu sou? Independente eu não sou. Só sei que eu reconheço que eu estou na merda, desmotivada, cansada, preguiçosa e entediada. De saco cheio de tudo e principalmente de todos.

Essa história de missão me anoja. Esse mundo me anoja. O mundo desistiu de mim muito antes de eu ter desistido dele. A única vontade que eu tenho é de me enfiar num casulo e esperar meus órgãos se desmancharem. Estou procrastinando essa passagem por aqui, torcendo pra que o tempo passe de uma vez. Sra Vida, fica pra próxima vez okay?

E o motivo pelo qual eu estou escrevendo isso? Nada de melhor para fazer. To curtindo meus devaneios e reclamações num quarto fechado. Daqui a pouco o Jô vai se juntar a mim. Inclusive, tenho que lembrar de tomar banho amanhã, vai que eu precise sair de casa né... Ai ai a vida, essa malandra, sabe enganar adolescentes sonhadoras direitinho. Ponto pra ela.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Deus.

[nem concordo mais com vários pontos desse texto, mas vou deixar aqui for the sake of gostar de ler as merdas que já pensei no caminho]

Eu não consigo mais me encaixar em nenhuma definição religiosa. Não sou católica, nem evangélica e nem espírita. Não sou satanista, não sou crente. Não acho que eu seja agnóstica, pois eu tenho a certeza de que existe um deus sim, apenas não sei como. Também não sou atéia, pois apesar de não acreditar no deus em que todos acreditam, eu acredito em um Deus.

Mas aí entram os meus poréns. Eu acredito em um deus e não sei se devo utilizar letra maiúscula em seu nome. Queria deixar claro desde o início, a dificuldade que eu estou tendo para tentar traduzir isso em palavras sem que se torne repetitivo. Mas enfim, eu acho tão boba a condição do ser humano quando ele se sujeita a um deus. Me parece tão "feio", bruto, ignorante e primitivo - e não critique se você não tem certeza do que estou falando.

O que acontece é que em qualquer religião, as pessoas tomam características humanas para seus deuses. Sejam elas qualidades ou defeitos. Muitos projetam em seus deuses o que gostariam de ser, ou até aquilo que já são mas não conseguem se livrar. O que eu posso dizer de tudo isso? Um deus na qual se alimentava de sacrifícios de animais, de sangue e substâncias carnais, não pode ser um deus divino. Um deus que expressa valores machistas, homofóbicos e até preconceituosos em relação à deficientes, nunca será aceito por mim como uma divindade. A bíblia retrata um deus injusto, instável, inconstante, machista, preconceituoso, egocêntrico e ainda por cima mentiroso e hipócrita, pois afirma ser o contrário de tudo o que foi definido acima. E é por isso que eu não acredito em um deus bíblico. Na verdade pode até ser que ele exista e seja desse jeito, mas não é porque ele é realidade que eu deva segui-lo. Em outras palavras, o demônio é real e você não o segue porque não concorda com seus princípios. É assim que eu funciono em relação à deus e o diabo. 

Existem inúmeras contradições na bíblia, o que não é novidade para ninguém e eu pretendo colocá-las aqui em breve. A bíblia é um belo manual de como criar seres humanos obedientes, e assim como qualquer livro de poesias ou auto ajuda, possui verdades e partes úteis. As pessoas dizem que o mundo está essa merda que está hoje porque não buscam mais à deus. Será? Será mesmo que somos tão desprezíveis ao ponto de só sermos bons por temer uma punição? Vejamos, se todos seguissem a deus, viveríamos em um mundo poligâmico, onde as mulheres vítimas de estupro seriam apedrejadas por não terem gritado o suficiente, onde deficientes físicos não seriam dignos de entrar na igreja, todos seríamos preconceituosos e apedrejaríamos quem ousasse fazer uma previsão do tempo. O humano seria menosprezado e seríamos vítimas do nosso próprio ódio por nós mesmos, porque seríamos imperfeitos insignificantes em relação a nosso deus. Qualquer tipo de ciência e conhecimento seria desnecessário, visto que o centro de nosso mundo e todas nossas leis seriam nada mais do que um deus pessoa.

Entre ser uma boa pessoa por ter caráter, e ser uma boa pessoa por temer uma punição, existe uma diferença tão grande, que pode ser considerado como coisas completamente opostas. As pessoas devem ser boas por livre e espontânea vontade e não por imposição. O mundo será o lugar perfeito, no dia em que todos entenderem que esses deuses-pessoas não são verdadeiros, são apenas uma enganação para refrear justamente, o poder e a bondade humana.

As pessoas não entendem que entre um deus e uma pessoa, não deve existir hierarquia nenhuma. Você não deve se ajoelhar e curvar-se diante de uma criatura reconhecendo sua insignificância, assim como também não deve se achar superior à nenhum ser. O dia em que as pessoas reconhecerem que a vida delas depende de organismos minúsculos, tanto quanto a deles depende das suas, e que tudo o que está em cima está para o que está embaixo, que tudo tem um oposto e que todos os opostos são necessários e tratam-se da mesma coisa; e que elas tem poder dentro de si mesmas, que não precisam abrir mão de sua responsabilidade e capacidade para jogar nas mãos de um ser superior à elas, o mundo será perfeito.

Deus, o meu Deus, é muito maior do que todo esse conjunto de leis impostas para domar seres humanos. Ele é o que mantém os planetas em órbita, ele é o que te permite habitar o teu corpo e não o de outra pessoa, ele é um conjunto de equações matemáticas, ele é todo o conhecimento que tu possui hoje e que ainda está por aprender. Como diria um amigo, Reko: "ele é o que faz a tua pizza ficar pronta". Ele é o tempo, ele é o espaço. Ele é o início e o fim, o limite e a barreira. A própria bíblia concorda com toda essa definição quando diz que deus está em todas as coisas e que seu nome é "EU SOU". É o amor, é o ódio. É o quente, é o frio. É a luz e também a escuridão. Entre o bem e o mal, entre Jeová e Satanás, ele é o terceiro. Ele é onipresente, oniciente e onipotente, pois ele nada mais é do que tudo o que existe e todos que existem.

Entende? Deus não é uma galinha que tu oferece o sangue, nem uma cruz de madeira que tu usa no pescoço. Deus não é essa coisa "feia", religiões são feias. Deus é você, deus sou eu. É a consciência, é a mente. É microscopicamente infinito e vice versa. É simples e complexo. É o espaço onde as coisas acontecem, é o tempo que denomina o que está acontecendo, e é as coisas em si que estão no espaço e no tempo acontecendo (ok, só eu entendi esse trecho). Obs.: Eu acho graça que quando eu escrevo um texto, eu o redijo pensando em expor alguma conclusão que eu já tenha, e conforme o escrevo acabo mudando meu ponto de vista e tirando mais conclusões ainda. E deus está presente até nessas minhas conclusões, ou revelações, como preferir.

Acredito e ainda estou na espera do dia em que todos entenderão o que tentei retratar acima (com palavras erradas pois ainda não inventaram as necessárias para tal explicação). O dia em que poderemos parar de nos humilhar perante um deus pessoa e finalmente possamos dar as mãos, reconhecendo nossa própria divindade que é refletida em todos; para assim, parar de tentar subir à uma única criatura e finalmente subir uma escada em direção à nós mesmos.

Três. Trindade. Terceiro. Base. Equilíbrio. Expansão.