Tudo o que tenho pra falar é escroto. É vergonhoso, é nudez adolescente, é cringe. Mas não há ninguém que dê mais valor a expressão e sinceridade. Tudo deve ser expressado - se não possível de uma forma, de outra. Saber o que tu tá fazendo e como funciona não anula a necessidade de falar. Essa coisa grotesca aqui dentro precisa sair ou vai começar atacar a mim mesma e já tenho experiência suficiente pra saber que vai dar merda. Elaboração invisível e abstrata me consome por dentro. Não vou voltar pra lá. Gostei de ser relativamente feliz de novo por um tempo e não quero que isso acabe. Não me faça calar a boca. Sentir em silêncio é torturante demais. É assim que se faz justificativa pra um artigo, que era o que eu devia estar fazendo. Porque tudo que faço precisa de justificativa. Em tudo eu incomodo e preciso de licença clara pra existir.
Esse emaranhado de tudo e nada acontecendo simultaneamente. Um ser que confunde a si mesmo e não consegue optar por uma informação além daquela única certeza que não teve princípio. Eu não conecto com pessoas com facilidade, eu não tenho interesse, eu não pertenço a lugar nenhum. Eu odeio todo mundo pelas menores coisas e prefiro ficar sozinha. Os meus compatíveis são poucos e estão muito bem escondidos, assim como eu. Mesmo acompanhada, sempre vou estar sozinha. A base da satisfação do meu mundo interno é estar conectada de forma profunda com algo eu valorize demais. E que merda quando a chata consegue encontrar encaixe em todas as chatices. Que merda. O inimigo do bom é o melhor e além de ser impossível, se recusa a voltar ao tamanho original.
A vida é única e meu maior conflito é amá-la demais, querer ser imortal ao mesmo tempo em que fortemente desejo morrer e ir embora de todas as coisas. A mente é uma prisão que exige que tu passe por todas as etapas e eu me debato por querer sair de dentro dela. Eu tinha encontrado algo mais forte do que a minha vontade de ir embora. Significado? Check! Mas e felicidade? A essa altura sinto que só encontro sentido na vida novamente indo plantar brócolis em uma viagem de só ida pra Marte. Tudo e todos são uma merda, mas aquilo que importa sempre é imune.
O simples é adquirido no seu próprio tempo. Não adianta, não existe livro ou tutorial pra isso. Tem que ser pela própria vivência. Tenho aversão por qualquer tipo de spoiler e não sinto o gosto a não ser pelas minhas próprias conclusões. Tem coisas que são feitas só pra sentir e não pra filosofar. Levei 8 anos filosofando pra chegar até aí. Mas a minha verdade é só minha. Me sinto triste por isso, enfim. O piloto automático do "I'm not usually like this" parece ter tomado o trono da permanência. "But every Icarus has had his chance to turn. It's not for everyone to touch the sun."
A Brenda do cérebro de cima tá que nem uma batata olhando pra um buraco e se negando a pular. Take your time, mas eu estou com pressa. Enquanto ela viaja na maionese, aqui tá tudo fragmentado e solto num espaço onde nada se alcança. Tá bizarro. As coisas vão ter que se resolver aqui por baixo mesmo e torço pra que passem a ser uma só de novo. Ter vergonha da condição humana jamais deve ser motivo de censura. Não é bonito, não é palpável. É somente aquilo que é.