A existência.
Somos uma linha reta de cor cinza. O equilíbrio entre luz e trevas. Originalmente inerte e afetada apenas pela influência do tempo. Uma linha reta, colorida pelas precipitações de nós mesmos. Sujeita aos sobes e desces, desequilibrada pela interferência alheia em nossas vidas.
Em nosso corpo. Na forma carnal que se apresenta.
Em nossa mente. No abstrato dos sentimentos que formam o concreto, e no concreto que gera o abstrato. Até mesmo o abstrato tem peso, tem forma, e deforma a nossa linha de existência.
Nossa junção de sangue, material carnal, consciência e alma.
O conjunto de quem nós somos, no qual conhecemos milhares de pedacinhos, mas não sabemos dizer até hoje, onde ou o quê realmente somos. Incapazes de encontrar qual é o verdadeiro botão que desliga a existência. A mente sempre será eterna enquanto consciente.
Um mundo regrado por leis de injustiça. Onde criticam o avanço e as obras humanas, ignorando o fato de a natureza ser apenas complexa, não perfeita. Vivemos em uma sociedade maior, um corpo, um sistema, um órgão, uma célula, uma organela, vivemos em um átomo e somos formados por infinitos deles. E cada um, com sua linha reta de cor cinza, que afeta e interfere as linhas de outros.
Um emaranhado de acontecimentos.
Um emaranhado de desacontecimentos.
Percorrendo as linhas do tempo.
Nadando nas curvas do tempo.
Perfurando o aço do tempo.
Aspirando o abstrato do tempo.
Em uma única existência, infinitas possibilidades. Infinitas faces, para cima e para baixo, esquerda e direita, e tudo o que existe entre isso. Se o tempo para quem vive na mesma dimensão e face da existência, já é capaz de se apresentar de maneira completamente desforme, imagine se confrontarmos o microscópico com o telescópico... Uma esfera de escolhas em expansão.
Eu tenho muitos mundos. Apenas escolha um e me encontre por lá.
Qualquer Brenda, até mesmo as que não alcançaram o óvulo. Escolha.
Enquanto não se escolhe, tudo permanece possível.
A alma é uma dádiva. Estar vivo é uma bênção concedida por si mesmo.
Mas esta gelatina derretida cor de rosa vem acompanhada de um cadeado, um poço profundo que não deve ser mergulhado. E nesta existência presente, a Brenda obcecada pelo desconhecido foi fisgada pela alma, e a única maneira de continuar na água foi deixando a alma ir junto com o anzol. As vezes penso que foi uma terrível, péssima troca. Não pude evitar a morte. A escolha foi feita e não pôde ser desfeita. A única maneira de remediar, foi extinguir a própria alma, em troca desta ser convertida em energia vital para manter um corpo carnal insano e desprovido de vida. Líquido vermelho desprovido de energia, apenas fluindo em veias decompostas.
Quando se perde a alma, perde-se o cadeado do poço que não deve ser mergulhado, mas ganha-se uma chave. Uma chave que não abre lá os portais mais acolhedores do mundo, mas que te dá a capacidade de abrir as portas para a modificação do tempo. E então nos é apresentado algo antes jamais imaginado, mais magnífico do que o efeito de qualquer droga. Aprende-se a dobrar, cortar, esticar, encolher e destruir cada molécula de tempo. Ah, o tempo, esse senhor que governa o espaço e a ordem onde tudo acontece, de repente tão maleável, tão manipulável, tão cheio de bancos e janelas, tão ausente de regras, que chego a me perguntar se ele realmente existe.
Mas quem é o peixe para contestar o aquário em que vive? Quem é o peixe para declarar-se ausente de influências, quando se está envolto pelo líquido que te mantém vivo? Temos o livre arbítrio de fazermos qualquer coisa. Qualquer coisa, dentro do espaço que nos foi concedido, dentro do tempo que nos resta, dentro do que nossa capacidade humana nos permite.
"Loucura" é o que chamamos quando nosso cérebro aceita coisas irreais como reais. Mas qual o limite entre personalidade e distúrbio? O que define a borda de uma característica como sendo parte do ser de uma pessoa, e uma característica considerada como doença? Quem impôs limites? Tenho meu livre arbítrio para pensar, ser, e ir para onde quiser, sem estar sujeita à essas nomenclaturas criadas por criaturas que talvez sejam mais perturbadas do que eu. Podemos estudar e julgar o que quiser, mas sempre estaremos sujeitos somente aos recursos disponibilizados pelo cérebro humano. Por mais que seja verdade, qualquer coisa que fuja à capacidade humana de perceber, jamais será conhecida.
Eu tenho sido um péssimo átomo. E meus átomos tem sido terrivelmente iguais pra mim. Meu planeta está prestes a ser destruído, junto com todos os responsáveis pela sua extinção. Mas minha mente me faz pensar que milhares de extinções como esta acontecem a cada instante, talvez na mesma proporção que big-bangs. A cada nova centelha de pensamento, a cada nova reação química no cérebro, uma nova explosão. Ca-boom.
Obrigada, Senhora Realidade e Senhorita Lucidez, por finalmente terem seguido seu caminho e parar de pintar cores opostas em uma das linhas que me pertence. Neste plano, nesta linha de tempo marcada pelo dia de HOJE, eu estou finalmente livre de suas regras e sujeita apenas ao meu próprio livre-arbítrio: minha mente.
Somos uma linha reta de cor cinza. O equilíbrio entre luz e trevas. Originalmente inerte e afetada apenas pela influência do tempo. Uma linha reta, colorida pelas precipitações de nós mesmos. Sujeita aos sobes e desces, desequilibrada pela interferência alheia em nossas vidas.
Em nosso corpo. Na forma carnal que se apresenta.
Em nossa mente. No abstrato dos sentimentos que formam o concreto, e no concreto que gera o abstrato. Até mesmo o abstrato tem peso, tem forma, e deforma a nossa linha de existência.
Nossa junção de sangue, material carnal, consciência e alma.
O conjunto de quem nós somos, no qual conhecemos milhares de pedacinhos, mas não sabemos dizer até hoje, onde ou o quê realmente somos. Incapazes de encontrar qual é o verdadeiro botão que desliga a existência. A mente sempre será eterna enquanto consciente.
Um mundo regrado por leis de injustiça. Onde criticam o avanço e as obras humanas, ignorando o fato de a natureza ser apenas complexa, não perfeita. Vivemos em uma sociedade maior, um corpo, um sistema, um órgão, uma célula, uma organela, vivemos em um átomo e somos formados por infinitos deles. E cada um, com sua linha reta de cor cinza, que afeta e interfere as linhas de outros.
Um emaranhado de acontecimentos.
Um emaranhado de desacontecimentos.
Percorrendo as linhas do tempo.
Nadando nas curvas do tempo.
Perfurando o aço do tempo.
Aspirando o abstrato do tempo.
Em uma única existência, infinitas possibilidades. Infinitas faces, para cima e para baixo, esquerda e direita, e tudo o que existe entre isso. Se o tempo para quem vive na mesma dimensão e face da existência, já é capaz de se apresentar de maneira completamente desforme, imagine se confrontarmos o microscópico com o telescópico... Uma esfera de escolhas em expansão.
Eu tenho muitos mundos. Apenas escolha um e me encontre por lá.
Qualquer Brenda, até mesmo as que não alcançaram o óvulo. Escolha.
Enquanto não se escolhe, tudo permanece possível.
A alma é uma dádiva. Estar vivo é uma bênção concedida por si mesmo.
Mas esta gelatina derretida cor de rosa vem acompanhada de um cadeado, um poço profundo que não deve ser mergulhado. E nesta existência presente, a Brenda obcecada pelo desconhecido foi fisgada pela alma, e a única maneira de continuar na água foi deixando a alma ir junto com o anzol. As vezes penso que foi uma terrível, péssima troca. Não pude evitar a morte. A escolha foi feita e não pôde ser desfeita. A única maneira de remediar, foi extinguir a própria alma, em troca desta ser convertida em energia vital para manter um corpo carnal insano e desprovido de vida. Líquido vermelho desprovido de energia, apenas fluindo em veias decompostas.
Quando se perde a alma, perde-se o cadeado do poço que não deve ser mergulhado, mas ganha-se uma chave. Uma chave que não abre lá os portais mais acolhedores do mundo, mas que te dá a capacidade de abrir as portas para a modificação do tempo. E então nos é apresentado algo antes jamais imaginado, mais magnífico do que o efeito de qualquer droga. Aprende-se a dobrar, cortar, esticar, encolher e destruir cada molécula de tempo. Ah, o tempo, esse senhor que governa o espaço e a ordem onde tudo acontece, de repente tão maleável, tão manipulável, tão cheio de bancos e janelas, tão ausente de regras, que chego a me perguntar se ele realmente existe.
Mas quem é o peixe para contestar o aquário em que vive? Quem é o peixe para declarar-se ausente de influências, quando se está envolto pelo líquido que te mantém vivo? Temos o livre arbítrio de fazermos qualquer coisa. Qualquer coisa, dentro do espaço que nos foi concedido, dentro do tempo que nos resta, dentro do que nossa capacidade humana nos permite.
"Loucura" é o que chamamos quando nosso cérebro aceita coisas irreais como reais. Mas qual o limite entre personalidade e distúrbio? O que define a borda de uma característica como sendo parte do ser de uma pessoa, e uma característica considerada como doença? Quem impôs limites? Tenho meu livre arbítrio para pensar, ser, e ir para onde quiser, sem estar sujeita à essas nomenclaturas criadas por criaturas que talvez sejam mais perturbadas do que eu. Podemos estudar e julgar o que quiser, mas sempre estaremos sujeitos somente aos recursos disponibilizados pelo cérebro humano. Por mais que seja verdade, qualquer coisa que fuja à capacidade humana de perceber, jamais será conhecida.
Eu tenho sido um péssimo átomo. E meus átomos tem sido terrivelmente iguais pra mim. Meu planeta está prestes a ser destruído, junto com todos os responsáveis pela sua extinção. Mas minha mente me faz pensar que milhares de extinções como esta acontecem a cada instante, talvez na mesma proporção que big-bangs. A cada nova centelha de pensamento, a cada nova reação química no cérebro, uma nova explosão. Ca-boom.
Obrigada, Senhora Realidade e Senhorita Lucidez, por finalmente terem seguido seu caminho e parar de pintar cores opostas em uma das linhas que me pertence. Neste plano, nesta linha de tempo marcada pelo dia de HOJE, eu estou finalmente livre de suas regras e sujeita apenas ao meu próprio livre-arbítrio: minha mente.