A diferença entre uma piada contada por alguém que quer que tu a ache engraçada e uma contada por alguém que simplesmente quer te ver rir.
domingo, 16 de fevereiro de 2014
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
Tumores
A pessoa "A" está tão doente e cheia de coisas que precisa colocar pra fora. A pessoa "B", uma pessoa saudável, não. Toda sua maturidade e mecanismos saudáveis são capazes de conter e lidar com qualquer impulso fora do comum. Elas são compreensivas, tranquilas, satisfeitas. Não há nada faltando. Elas não precisam de grandes mudanças e consertos. Elas são integradas. Elas fazem parte.
Muitas pessoas alcançam a sanidade mental e simultaneamente páram de produzir. Não sei se isso ocorre por que toda a criação é fruto da loucura, ou se, estão tão bem mentalmente ao ponto de não precisar expressar e impressionar. Seja lá o que for, é triste. É como se aquilo que fosse produzido na doença não fizesse parte do ser humano, fosse algo descartável, fosse um tumor.
É ridículo fazer um texto defendendo a loucura e tentando a transformar em algo bonito. Mas se ela não for valorizada nos textos, nas músicas e em qualquer tipo de criação, onde mais ela será? Um homem pregando os testículos ultrapassa a nossa barreira de arte aceitável, certo? Arte tem limites. Arte é a extrapolação dos limites. Arte é vazamento.
A pessoa depressiva tem tendência a ser ruminante e aprofundar o murmúrio. Uma pessoa saudável não consegue refletir horas e horas em cima da tristeza, catatônica, enquanto encontra milhares e milhares de maneiras diferentes de explicar o mesmo sentimento. Uma pessoa triste possui excelente habilidade de abstratar, de comparar, de exagerar, de exemplificar, de se expressar, de se explodir.
Na visão de uma pessoa que tem muito ódio no coração e enxerga só podridão no mundo... Será que toda essa podridão é só projeção dela mesma? O mundo só é desta maneira sob a ótica dela? O otimismo é a influência do excesso de saúde. O pessimismo é a influência do excesso de doença. E nunca vamos poder definir qual é a verdadeira realidade pois estaremos sempre sujeitos a ótica do observador. Porém, nada impede que as regras da realidade não sejam saudáveis.
Depressão é a falta de paixão pela vida. É a falta de vontade de existir e de criar. Ou pelo menos deveria ser. Felicidade é a satisfação. É o comodismo. É estar bem. É não estar incomodado. A evolução sempre parte do caos. Se não enxergamos um problema, não há necessidade de criar a solução. Por isso o caos, a insatisfação, a tristeza e a revolta que não cabem no peito são necessários. Sem eles nós apenas existiríamos. Não que eu ache que nossa vida tenha algum grande sentido... mas permanecer tanto tempo em um solo plano sem escadas e sem abismos seria insuportável. Viver uma vida presa em uma mente saudável sem relevo seria insuportável. Não é tão ruim assim lutar constantemente contra si mesmo até o fim dos dias. Nem mesmo as pessoas saudáveis assistiriam a novela das 9 se ela fosse ausente de conflitos. A vida é um grande espetáculo tragicômico.
Um grande brinde aos nossos tumores. Esses que nos acompanham durante o vazio da existência que eu julgo pessimista. Desenvolvidos, alimentados, enraizados. Tumores que são nosso único conforto para os erros e acontecimentos que nunca mais voltarão. Os tumores são nossas borrachas mentais.
10/12/2013
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