sexta-feira, 17 de junho de 2016

Repetindo a filogênese entre parênteses usando um paraquedas de papel.

Eu não sei o que eu tô fazendo, só continuo. Não tô entendendo nada ultimamente, só quero que pare. Tem dias em que tu vai querer mandar todo mundo tomar no cu e tem dias que vai estar tudo ok. Mas é enjoativo, entediante, não tem graça. No fundo tu vive com uma sensação idiota de destino como se tivesse algo lá na frente esperando por ti pra acontecer. Mas é impossível estar fisicamente no futuro. O futuro nunca chega e quando tu estiver no topo da escada, tu só morre. O dia de hoje é um bloco desconectado dos outros blocos. Uma peça de azulejo quebrado do chão. Um machucado na banana. Um passo pra esquerda em uma fila em movimento. Um asterisco dentro de parênteses. Tenho saudade de quando as coisas eram. Sabe quando algo é? Aquilo só é. Não aguento mais observar de perto gente que está a anos luz de distância de mim. Não faz sentido ser espectador em uma prisão de vidro. A existência parece muito com os tempos de PW. Passar dias matando quinhentos mobs, interagir com NPC's quando se tem algum interesse, upar de lvl e ficar feliz por um segundo, repete de novo até o próximo aniversário. A proporção é sempre errada. Um ano pra dois meses. Uma semana pra um final de semana. Sempre me questiono se vale a pena. Mas aí é só acrescentar "qual o problema em não valer a pena?" e pronto, problema resolvido.


terça-feira, 14 de junho de 2016

Resolvi discutir com árvores.

Comi um pedaço de chocolate. Precisava buscar o correio, dei uma volta no condomínio mas tem câmera por tudo que é lado e todo mundo me conheceria, não dá pra surtar nem gritar. Hoje é terça feira e a lua é crescente. Não sei qual é o fato desencadeador e não acho que esteja tão fora assim pq consigo escrever e dizer que não estou tão fora assim. Preciso de paz, segurança e sossego pros objetivos que finjo que tenho na vida. Vida. Não sei se pensar nisso foi o que desencadeou. Acho que se não conseguimos lembrar do início, é porque existe a possibilidade de sempre ter sido eterno. Realmente me incomoda o fato de o forro das calcinhas ser feito no lugar errado. Você. Me dei conta de que tava olhando feito uma drogada pra minha bochecha no espelho do elevador. Por mais que tudo pareça água, aquários são reais. Peixes vivem dentro deles e não ficam incomodados se tudo o que enxergam ao redor parece água. Eu. Há alguns minutos atrás me dei um tapa na cara. Eu tô sentindo gritos. Ranho é tão denso quanto a alma e gruda, então não morra ranhenta. Não sei qual a diferença entre comunicar e não comunicar. Ninguém. Ainda assim, comunicação é uma coisa incrível. Qual o sentido? Acho que a gente não costuma fazer isso muito na vida. O QUE É? ONDE E EM QUEM SE CONTÉM? Aí eu disse que não acreditava em alma. Mas nada a ver, ainda me lembro de várias coisas. Tudo perfeitamente normal. Como se sai? Tô fazendo chá de valeriana, vou enfiar valeriana no cu. Me sinto mal pelas árvores, mas elas disseram não se importar. Também disseram não se importar com meu relato de observação sobre o esporte na terceira idade mas que eu, deveria. Por que quando voltar ao normal vou desejar que tivesse me importado. Não se fabrica coturno em forma de raíz, por isso árvores não buscam correio. Eu tenho que fazer tudo por que aparentemente sou a única coisa humana da casa. Passei o dia inteiro ouvindo tic tac de relógio mas não consigo achar nenhum. Tem que ser humano pra fazer as coisas. Gritei no telefone pra Ecco Salva que eles estão me enlouquecendo e vou acabar me matando se não pararem de me ligar. Preciso agir naturalmente quando for falar com o guarda. Mas eu tô agindo naturalmente! Preciso manter distância de gente parecida comigo. Eu tô normal. A Ecco Salva não é o problema. Não sei o que é o problema, mas se tem uma coisa que árvores odeiam é ser humano perdido fazendo perguntas. Enquanto descia as escadas imaginei que se meu pai chegasse aqui agora ia pensar que eu tô drogada. E eu não tô. Eu, eu, eu, eu. Tenho medo de ir pra sacada e romper com tudo. Tenho medo por que acabei de me dar conta de que tenho um irmão. Medo pq tinha esquecido que tinha um irmão todo esse tempo. Agora as coisas parecem um pouco mais reais. Eu não posso me matar. Mais efetivo que um tapa na cara. Mas que caralhos.