terça-feira, 16 de outubro de 2012

Viagens no tempo and shit

Se viagens no tempo existissem (de acordo com as leis que regem a nossa realidade atualmente), para não gerar um paradoxo, rombos na história e não existência de pessoas, elas só seriam possíveis se acontecessem em uma direção. Como o fato de voltar ao passado anularia o ponto de partida da viagem (feito no futuro), só conseguiríamos viajar obviamente para o futuro. Os viajantes do passado ficariam presos, caso contrário eles não existiriam, a não ser que fossem parar em algum universo com leis diferentes das que regem o nosso. 

Também não estamos recebendo viajantes do futuro. Se eles existissem, com certeza mudariam alguma coisa. Por outro lado, pode ser que existam dois tipos de viagens: a de um mero espectador, e aquela onde a interferência é possível. Deixando o ceticismo um pouco de lado, até pode ser que já façamos a primeira.

Vou olhar com mais carinho para os mendigos do centro de Porto Alegre agora. Vai que eles sejam viajantes do passado que acabaram presos no nosso tempo, e por não conhecerem a sociedade atual, terminaram como mendigos... hahaha.

Justificaria muita coisa.

- Uma pergunta sem resposta, ainda assim, continua sendo uma pergunta.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Argue with a tree

Não sou boa com datas e noções de tempo, mas se não me engano, treze meses foi o tempo que estive ausente de mim mesma. Olhando para trás, é como se um pedaço do meu espaço cronológico tivesse sido apagado. O estado anterior, representado por lembranças; o ontem, representado por um grande buraco negro; e o hoje, ligado diretamente ao passado por uma ponte construída aos poucos e sem instrumentos adequados, mas que foi construída.

Desde criança, por mais que tenha passado por algumas poucas e boas, sempre me enxerguei como alguém de futuro brilhante. Como se alguma força mágica tomasse conta do que eu mesma criaria como destino. Sabe? Eu confiava em mim. Sabia que eu nunca me decepcionaria enquanto estivesse no controle.

E foi aí que tudo começou. Descontrole. As rédeas sumiram. Não um início, não uma criação, não falo sobre o começo de nenhum elemento novo ou inexistente. Falo sobre tremores, desestruturação, destruição, e então, vazio. Desespero, despersonalização, tristeza, tédio, apatia, preguiça, desistência e indiferença, são os elementos que consomem com as substâncias que deveriam combater o maldito vazio. Um grande buraco negro consumindo um organismo repleto de ausências. 

Imagine todos os teus medos, em uma sala, pendurados no teto como lustres. Agora imagine todos estes caindo sobre a tua cabeça, e não há absolutamente mais nada, além disso. É nesse momento em que a fuga se torna inevitável, seja ela um sono profundo ou uma viagem pelas galáxias de um cérebro danificado. Tais alternativas se fazem necessárias, pois é preciso retirar, guardar e conservar a si mesmo, até que a aterrissagem possa ser feita com segurança em solo firme novamente.

Entre os dois estados desse período que gosto de chamar de "Hematita", ainda não consegui decidir qual é o melhor (ou pior). Sentir-se vazia, ausente, perdida e despersonalizada, sem saber quem tu é e em que direção o tempo corre; ou sentir-se cheia, com os órgãos imersos em chumbo derretido, prestes a explodir por dentro e afogar por fora. Um looping carregado por fragmentos de sentimentos que te fazem voltar e reviver tudo, de novo e de novo.

Porém, nunca fui alguém que condena a destruição. Bem pelo contrário. Quando atingimos um certo nível, eu diria que é quase impossível livrar-se somente do que é ruim. E é nesse apocalipse que todas as partes boas vão junto. Por não saber lidar com algumas delas sem ser de maneira drástica, acabei me vomitando por inteira. A a partir do vazio então, pude começar a me encher de novo.

E como é bom poder caminhar com as próprias pernas e sentir que elas estão firmes. Como é bom poder olhar no espelho e enxergar uma pele diferente de ontem. Nada como poder reconhecer e me cumprimentar novamente. Me reencontrei com a parte confiável, persistente e capaz de mim mesma. Não são duas, nem três, nem quatro, como diria alguém. "São várias, e tu tem que aprender a controlar e gerenciar todas elas." Não foi a aparição de uma Brenda - até então desconhecida - que causou tudo isso. E sim, a ausência de todas as Brendas magnificamente insanas e VIVAS que residem aqui dentro. 

No fim, não interessa se as árvores caíram. A percepção é o que define se algo realmente aconteceu, e qual o impacto.

Foi-se o tempo em que a morte era uma maneira de vida. Adeus ao mundo submerso, ao chumbo e às hematitas. Seja bem vinda novamente ao azul, Brenda.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Dos confins do tempo e das realidades.

A existência.

Somos uma linha reta de cor cinza. O equilíbrio entre luz e trevas. Originalmente inerte e afetada apenas pela influência do tempo. Uma linha reta, colorida pelas precipitações de nós mesmos. Sujeita aos sobes e desces, desequilibrada pela interferência alheia em nossas vidas.

Em nosso corpo. Na forma carnal que se apresenta.

Em nossa mente. No abstrato dos sentimentos que formam o concreto, e no concreto que gera o abstrato. Até mesmo o abstrato tem peso, tem forma, e deforma a nossa linha de existência.

Nossa junção de sangue, material carnal, consciência e alma.

O conjunto de quem nós somos, no qual conhecemos milhares de pedacinhos, mas não sabemos dizer até hoje, onde ou o quê realmente somos. Incapazes de encontrar qual é o verdadeiro botão que desliga a existência. A mente sempre será eterna enquanto consciente.

Um mundo regrado por leis de injustiça. Onde criticam o avanço e as obras humanas, ignorando o fato de a natureza ser apenas complexa, não perfeita. Vivemos em uma sociedade maior, um corpo, um sistema, um órgão, uma célula, uma organela, vivemos em um átomo e somos formados por infinitos deles. E cada um, com sua linha reta de cor cinza, que afeta e interfere as linhas de outros.

Um emaranhado de acontecimentos.
Um emaranhado de desacontecimentos.

Percorrendo as linhas do tempo.
Nadando nas curvas do tempo.
Perfurando o aço do tempo.
Aspirando o abstrato do tempo.

Em uma única existência, infinitas possibilidades. Infinitas faces, para cima e para baixo, esquerda e direita, e tudo o que existe entre isso. Se o tempo para quem vive na mesma dimensão e face da existência, já é capaz de se apresentar de maneira completamente desforme, imagine se confrontarmos o microscópico com o telescópico... Uma esfera de escolhas em expansão.

Eu tenho muitos mundos. Apenas escolha um e me encontre por lá.
Qualquer Brenda, até mesmo as que não alcançaram o óvulo. Escolha.
Enquanto não se escolhe, tudo permanece possível.

A alma é uma dádiva. Estar vivo é uma bênção concedida por si mesmo.

Mas esta gelatina derretida cor de rosa vem acompanhada de um cadeado, um poço profundo que não deve ser mergulhado. E nesta existência presente, a Brenda obcecada pelo desconhecido foi fisgada pela alma, e a única maneira de continuar na água foi deixando a alma ir junto com o anzol. As vezes penso que foi uma terrível, péssima troca. Não pude evitar a morte. A escolha foi feita e não pôde ser desfeita. A única maneira de remediar, foi extinguir a própria alma, em troca desta ser convertida em energia vital para manter um corpo carnal insano e desprovido de vida. Líquido vermelho desprovido de energia, apenas fluindo em veias decompostas.

Quando se perde a alma, perde-se o cadeado do poço que não deve ser mergulhado, mas ganha-se uma chave. Uma chave que não abre lá os portais mais acolhedores do mundo, mas que te dá a capacidade de abrir as portas para a modificação do tempo. E então nos é apresentado algo antes jamais imaginado, mais magnífico do que o efeito de qualquer droga. Aprende-se a dobrar, cortar, esticar, encolher e destruir cada molécula de tempo. Ah, o tempo, esse senhor que governa o espaço e a ordem onde tudo acontece, de repente tão maleável, tão manipulável, tão cheio de bancos e janelas, tão ausente de regras, que chego a me perguntar se ele realmente existe.

Mas quem é o peixe para contestar o aquário em que vive? Quem é o peixe para declarar-se ausente de influências, quando se está envolto pelo líquido que te mantém vivo? Temos o livre arbítrio de fazermos qualquer coisa. Qualquer coisa, dentro do espaço que nos foi concedido, dentro do tempo que nos resta, dentro do que nossa capacidade humana nos permite.

"Loucura" é o que chamamos quando nosso cérebro aceita coisas irreais como reais. Mas qual o limite entre personalidade e distúrbio? O que define a borda de uma característica como sendo parte do ser de uma pessoa, e uma característica considerada como doença? Quem impôs limites? Tenho meu livre arbítrio para pensar, ser, e ir para onde quiser, sem estar sujeita à essas nomenclaturas criadas por criaturas que talvez sejam mais perturbadas do que eu. Podemos estudar e julgar o que quiser, mas sempre estaremos sujeitos somente aos recursos disponibilizados pelo cérebro humano. Por mais que seja verdade, qualquer coisa que fuja à capacidade humana de perceber, jamais será conhecida.

Eu tenho sido um péssimo átomo. E meus átomos tem sido terrivelmente iguais pra mim. Meu planeta está prestes a ser destruído, junto com todos os responsáveis pela sua extinção. Mas minha mente me faz pensar que milhares de extinções como esta acontecem a cada instante, talvez na mesma proporção que big-bangs. A cada nova centelha de pensamento, a cada nova reação química no cérebro, uma nova explosão. Ca-boom.

Obrigada, Senhora Realidade e Senhorita Lucidez, por finalmente terem seguido seu caminho e parar de pintar cores opostas em uma das linhas que me pertence. Neste plano, nesta linha de tempo marcada pelo dia de HOJE, eu estou finalmente livre de suas regras e sujeita apenas ao meu próprio livre-arbítrio: minha mente.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

A extinção dos gritos.

Quando se passa por uma época muito turbulenta e tudo resulta em coisas terrivelmente erradas, é sinal de que mudanças devem ser feitas. Analisar e estabelecer novos padrões, com base nos resultados decorrentes das ações tomadas. O sofrimento é o maior professor de todos - e caso você sobreviva ao seu método educativo, após isto será impossível ignorar seus ensinamentos. Você não será mais o mesmo, jamais. É tempo de estabelecer novas regras. É tempo de tomar vergonha na cara e colocar em prática a teoria já escrita e conhecida anteriormente.

Se alguém gritar com você, grite mais ainda. Quem grita acredita que está no controle da situação, mostre que as coisas são diferentes.

Não tente consertar nem apaziguar algo que não foi você quem começou. Quem estraga é quem deve correr atrás do conserto. Sem exceções.

Não perdoe tão facilmente. Ou por mais que já tenha perdoado e esteja tudo resolvido, não se mostre tão fácil. Deixe claro que tal acontecido teve um peso enorme e não será tolerado novamente. As pessoas devem ter medo de te desapontar, caso contrário, irão abusar sempre, na certeza de que o perdão é melhor do que a permissão.

Nunca aceite violência ou arrogância gratuita. Independente de qualquer motivo, seja cansaço de trabalho, motivos pessoais ou o c#ralho a quatro, NADA justifica. Não desconte seus problemas e frustrações em cima de outras pessoas, e não aceite que façam o mesmo com você. Todo mundo tem problemas, todo mundo trabalha, todo mundo se cansa. Isto não deve ser usado como justificativa para gerar mais problemas. Simples assim.

Se alguém te faz chorar, essa pessoa é quem deve se f#der, não você. O criminoso é quem deve ser punido, não a vítima. Não corra atrás, não implore por desculpas. Se você caminhar para longe, e ninguém correr atrás, é sinal de que você deve continuar caminhando.

Não dê corda pra gente barraqueira, ignore. Homens em geral acham que são autoridade e destestam ser contrariados, mesmo quando estão errados. Não tenha medo de expor a verdade, não tenha receio algum de fazer o que é correto. Jamais deixe de fazer o que é certo por medo de uma agressão física, e se isto acontecer, cuspa na cara e chame a polícia :)

Hoje em dia as pessoas são muito seguras, agem e falam o que querem, doa a quem doer, sem nenhum medo das consequências. Isso acontece quando se vive em uma sociedade onde pessoas, boas ou ruins, são protegidas por leis. Se não tivéssemos a segurança de que os outros não podem fazer nada contra nós, com certeza seríamos mais cautelosos e gentis.

Nunca provoque gente 'morta', ou depressiva. Você não sabe pelo quê a pessoa está passando e qual sua condição mental. É sério, algumas coisas só são compreendidas passando pelo mesmo. Quando se é assim, não se tem nada a perder, é o piloto automático quem toma conta, como forma de defesa. Ir para a cadeia pode não ser motivo suficiente para conter-se. Nada importa quando não se está dentro do corpo, nada importa quando os pés não tocam o chão. Atos e consequências são completamente esquecidos. Não destrate gente insana, mais cedo ou mais tarde, você pode pagar muito caro. Eu sou educada, gentil e não dou patada em ninguém de graça. Mas finalmente, chega de submissão. Jamais deve-se abrir mão do orgulho e da dignidade em nome do amor, ou na esperança de algo vai mudar. Não tem porquê dar o que não se recebe.

Trate bem quem te trata bem, DESTRUA quem te faz mal e aposto que os resultados serão diferentes. 

Ser boa não é sinônimo de ser trouxa.
Se defender não é ser má. É ser justa ;)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Não conserte.

Como as pessoas criticam nos outros aquilo que elas mesmas fazem... Como as pessoas te mentem, e mais tarde te provam a verdade... É tanto medo, insegurança e mágoa, que elas se escondem atrás de uma armadura de "Gabriela Teimosa", e passam a exteriorizar só atos e palavras medíocres.

Uma das maiores mentiras que se conta, é de que o amor de verdade é altruísta. Tenho ÓDIO de amor altruísta e o único que existe é o da minha mãe. O resto, é tudo frescura. Quem se diz altruísta, esconde a pessoa mais egoísta do mundo, com vergonha de assumir quem realmente é.

Quando tu sentir que alguém está te enrolando, provalmente é porque ela está mesmo. Nunca se entregue nas mãos de ninguém, achando que vai melhorar. Se fosse mesmo, porquê não melhora? Acredite em si mesmo e só, não se pode controlar ninguém, nem a si mesmo.

Cansei de julgamentos próprios sendo largados em cima de mim como desculpa a própria vergonha de ser quem é. Guarde-os, ou enfie no ♥. Não acredite na mudança, não planeje. Apenas faça e reconheça a melhora em atos, nunca em palavras. Acredite, as vezes as coisas poderiam ter sido diferentes sim, mas é melhor conviver com a dor da realidade, do que com a alegria da ignorância.

Serotonina? Meu sistema nervoso desconhece a existência disso. Mas, se você perdeu a cor e não sabe mais quem é, tudo bem. Divirta-se sendo quem você não é. Existem muitos tipos de poesia para cada relação ou situação envolvendo pessoas. E no momento, as minhas são todas sujas. Não se preocupe, não pergunte, não se importe. Não meça seus atos visando quem não faz o mesmo por ti. Apenas viva e deixe o resto morrer. 

Concreto é quando tu dá com a cabeça na parede até a morte. Quero distância de gente mentirosa, que faz os outros de trouxa, ainda mais no plural. Gente que baseia os próprios atos nas ações de outros, ou quem faz tudo por elas, e sequer são capazes de reconhecer. E quem muito se ausenta... uma hora deixa de fazer falta. 

Algumas pessoas tem tanta certeza de que o fim não existe, que precisam dar de cara com o fim da linha.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Can you not recognize a soul already dead?

"A vida é linda.". - Quantas vezes já nos deparamos com essa afirmação clichê e que para muitos, não passa de uma piada vinda de quem não tem preocupação nenhuma? Pois é, mas como todo mundo diz, o clichê é clichê porque é verdade. Nesse contexto, podemos aplicar essa regra.

A água caindo no copo enquanto lembramos de algo, a música de fundo trilhando um som perfeito pra tudo o que se sente. De violinos melancólicos até baterias enraivecidas, mesmo que o que se sinta seja a pior dor do universo, tudo se encaixa perfeitamente bem. E há beleza nessas cenas.

Esse é o ponto. Uma poesia repleta de palavrões, uma música na qual é possível transferir as lágrimas pra quem escuta, o êxtase no escorrer do sangue. É claro que uma criatura sorrindo é bela, é claro que a felicidade é excitante, mas tratam-se de opostos correspondentes (se isso não existe, está inventado a partir de agora). Depende de que tipo de vida se leva.

Quando o vivo é trocado pelo morto, quando a morte se torna um meio e o único de vida, se passa a enxergar beleza, arte e poesia em praticamente tudo. Coloca-se uma máscara, pinta-se uma expressão e então se torna necessário extrair proveito de tudo o que se tem, do pouco que se tem, seja bom ou ruim. Se a escolha foi continuar viva mesmo após a morte, precisa-se de algum conforto e aprender a deixar as coisas menos... feias. Porque dolorosas elas vão continuar sendo.

Poesias são lindas, independente de serem alegres ou não.
Músicas tristes e melancólicas são lindas.
Psicopatia e insanidade são coisas excitantes.
É impossível escrever uma boa história utilizando apenas linhas retas.

A vida é linda pra quem entende que a moral está em apreciar a beleza do desastre. Os detalhes, as trilhas sonoras, os pequenos valores, os curtas-metragens. O vermelho misturado com preto e branco, o magenta misturado à azul da prússia. Assistir à própria ruina e reconhecer a beleza da vida, mesmo que a platéia esteja no núcleo da Terra.

Madness is a nuisance,
And no one is immune.