terça-feira, 31 de outubro de 2017

O apanágio da apostasia

Após sobreviver o despertar de todos os dias no absurdo, abandonamos a criptobiose pra subir a escadaria em direção à apostasia. Metamorfose influenciada e ironicamente ignorada, validada por um fio através da representação da sujeito principal - salva apenas pelo significado.

Um louva-a-deus mecânico no céu e borboletas gigantes nos postes aliviam a paisagem entre pessoas que ainda falam sobre sardas. Gente incapaz de compreender desacontecimentos e inexistências. Coma suas beterrabas. Faça seus relatórios. Aceite-se como uma das criaturas primitivas que ainda funcionam a base de combustíveis nocivos. Mas funcionam. Você não questiona, você faz porque sabe que é necessário. And so what if it KILLS you? Be a goddamn man, boy.

Me sinto um computador preso num corpo de calculadora.

Esses dias, tirei uma aranha branca de uma colega que não tenho certeza se estava realmente lá. Enquanto o fazia, desejei ter o poder de me transformar em uma escavadeira. Sei que continua tudo normal aí fora pois já estive aí também, sei que é melhor parar. Aos principiantes ou desavisados: só estou transcendendo. Então mostrem suas melhores cartas! Aqui, o absurdo é o novo brilhante.

Existem estragos tipo tsunami, existem estragos tipo maré alta: desestabilização programada. Negação parcelada até o chão se tornar seguro. Olhos grudados e um peito queimando laranja às 3h da manhã. Um incêndio no museu do que já foi, cemitério do que virá. O passado e o futuro são abstrações. Me permiti existir em uma localização virtual e a lixeira está prestes a receber o clique do botão direito.

Me acondicione numa bela redoma, por obséquio. Faça uma exposição com várias lâminas de sentido fatiado e pule as partes da pirâmide. A receita da distração com realização pessoal é simples: pegue o que você não entende e todo o resto que entala no peito. Faça uma bolinha, enfie no cu, vire do avesso e voilá, você fez uma peteca. 

Run, rabbit run! 
Dig that hole, forget the sun.
And when at last the work is done...
Don't sit down, it's time to dig another one.

E assim terminamos outubro,
vivendo no cantinho.

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